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Leigos Missionários Combonianos

Servindo a Missão ao estilo de S. Daniel Comboni

Leigos Missionários Combonianos

Servindo a Missão ao estilo de S. Daniel Comboni

O Convite

Não me interessa qual é o teu modo de vida.
Quero saber o que anseias, e se ousas sonhar conhecer os desejos do teu coração.
Não me interessa que idade tens.
Quero saber se arriscas procurar que nem um louco o amor, os sonhos, a aventura de estar vivo.
Não me interessa saber quais os planetas que estão em quadratura com a tua lua.
Quero saber se tocaste o centro da tua própria dor, se estiveste aberto às traições da vida ou se te encolheste e te fechaste com medo de outros sofrimentos! Quero saber se consegues sentar-te com a dor, a minha ou a tua, sem te mexeres para a esconder, disfarçar ou compor. Quero saber se consegues viver a alegria, a minha ou a tua; se consegues dançar com loucura e deixar que o êxtase te encha até às pontas dos pés e das mãos sem nos advertires para ter cuidado, sermos realistas, ou nos relembrares as limitações do ser humano.
Não me interessa se a história que me contas é verdadeira.
Quero saber se consegues desapontar o outro para seres verdadeiro contigo mesmo; se consegues suportar a acusação de traição e não atraiçoares a tua própria alma.
Quero saber se consegues ser fiel e, por isso, digno de confiança. Quero saber se consegues ver beleza mesmo num dia não muito bonito, e se consegues alimentar a tua vida da presença de Deus. Quero saber se consegues viver com o erro, teu e meu, e mesmo assim ficar de pé à beira de um lago e gritar à lua prateada, “Sim!”
Não me interessa onde vives e quanto dinheiro tens.
Quero saber se, depois de uma noite de desespero, exausto até ao tutano, consegues levantar-te e ocupares-te das necessidades das crianças.
Não me interessa quem és, como chegaste aqui.
Quero saber se permaneces no centro do fogo comigo sem te ires embora.
Não me interessa onde ou o quê ou com quem estudaste.
Quero saber o que te sustém interiormente quando tudo o mais cai à tua volta.
Quero saber se consegues estar só contigo mesmo; e se verdadeiramente gostas da companhia que tens nos momentos vazios.

Oriah Mountain Dreamer
Escritora norte-americana, Maio 94

 

Recolhido por Pedro Moreira, LMC

Ecos do Retiro de Anual

Neste fim-de-semana estivemos em retiro na Casa da Sagrada Família em Praia de Mira. Ao contrário do que aconteceu em Setembro, o tempo esteve excelente. Obrigado Senhor, por teres permitido que o nosso retiro fosse vivido naquele local, assim como pelo bom tempo que nos proporcionaste, para podermos estar em comunhão e harmonia com a Natureza. Obrigado também, em nome de todos, à Equipa Coordenadora (Alfredo, Milú e Pedro), que se transformou na Equipa Trabalhadora e que nos assegurou a preparação de todas as refeições!
Nestes dois dias, reflectimos sobre três passagens da Bíblia: o encontro de Jesus com Zaqueu (Lc 19,1-10), a parábola do bom Samaritano (Lc 10, 25-37) e a parábola da figueira que não dava frutos (Lc 13, 1-9).
Na primeira passagem, Zaqueu (um publicano) queria ver passar Jesus, mas não conseguia ver nada por ser pequeno e subiu a uma árvore. E quando Jesus passa por ali, chama pelo seu nome e diz que precisa de ficar em sua casa. E Zaqueu fica cheio de alegria e desce rapidamente da árvore. Sente-se tão privilegiado, que promete dar aos pobres metade de tudo o que possui e àqueles a quem prejudicou pagará quatro vezes mais.
Na parábola do bom Samaritano, o homem assaltado, agredido e abandonado quase sem vida numa valeta, é completamente ignorado por aqueles que passam, até que chega um Samaritano que o socorre, trata, transporta e até paga a sua estadia numa estalagem, deixando para segundo plano os seus afazeres e numa atitude de enorme altruísmo, faz o que está ao seu alcance para ajudar o próximo.
Na parábola da figueira, o dono do terreno espera que ela dê frutos, mas após o terceiro ano sem nada acontecer, farta-se de esperar e manda cortá-la. Mas o vinhateiro pede que não o faça já, que espere pelo menos mais aquele ano, porque vai escavar à sua volta par a poder adubar. Talvez assim ela dê frutos.
São três passagens muito simbólicas e interligadas das quais cada um de nós deve tirar as suas próprias conclusões, mas de certeza que não conseguiremos ficar indiferentes à sua mensagem e ao seu significado.
A frase que trago comigo deste retiro é a seguinte: “… MAS um Samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão…”.
Senhor, ajuda-me a ser um MAS no caminho daqueles que são assaltados, agredidos e abandonados pela indiferença.

 

Álvaro Gomes

Teologia Missionária e Diálogo Inter-religioso

Neste fim-de-semana participei em mais um encontro de formação da FEC. Realizou-se em Aveiro, na Casa das Irmãs Dominicanas Santa Catarina de Sena e o tema foi “Teologia Missionária e Diálogo Inter-religioso”. Não poderia ter sido um tema mais interessante e actual (exemplo disso foi a recente visita de Bento XVI à Turquia).
Dois conceitos fundamentais quando se está em Missão, são a Aculturação e a Inculturação. A Aculturação consiste em percebermos, respeitarmos e agirmos conforme a cultura, a tradição, as regras sociais do país em que estivermos. A Inculturação, nas palavras de João Paulo II “tem como finalidade encarnar o Evangelho nas diversas culturas, transmitindo-lhes os valores evangélicos, assumindo o que nelas existe de bom e renovando-as a partir de dentro”. Em relação ao diálogo inter-religioso, João Paulo II foi o grande impulsionador deste conceito. Os expoentes máximos deste objectivo fundamental da religião cristã, foram os encontros de Assis em 1986 e 2002, entre a Igreja católica e os representantes das outras religiões mundiais. Ali foi demonstrado que homens e mulheres religiosos, sem abandonarem as suas próprias tradições podem apesar disso comprometer-se a rezar e trabalhar pela paz e o bem da Humanidade.
O amor ao próximo, que o Cristianismo professa como a regra de ouro da conduta moral: “Tudo o que desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles, pois é nisto que consistem a Lei e os profetas” (Mt 7,12) faz também parte do património doutrinal das outras grandes religiões do Mundo. Eis as máximas (frases-chave) de seis dessas religiões:

Hinduísmo: “O ponto mais elevado do dever, consiste em não fazermos aos outros o que nos causaria sofrimento se nos fosse feito a nós”. (Mahabharata, 5.15.17)

Budismo: “Não firas o próximo, para que também tu não sejas ferido”. (Udanavarga, 5,18)

Confucionismo: “O grau mais excelso da benevolência amável (jiin), consiste em não fazermos aos outros aquilo que não gostaríamos que nos fizessem a nós mesmos”. (Anaclets [Rongo], 15,23)

Hebraísmo: “Não faças ao teu companheiro aquilo que para ti é odioso: nisto se resume toda a Lei; o resto é um seu comentário”. (Talmude, Shabbat, 31 a)

Islamismo: “Nenhum de vós é um crente, enquanto não amar o seu irmão como ama a si mesmo”. (As 42 Tradições de Na-Nawawi)

Religião Tradicional Africana: “Aquilo que deres (ou fizeres) ao próximo, será dado (ou feito) também a ti”. (Provérbio Ruandês)

“Vai meu irmão, minha irmã! Lá, em tua nova Missão, em tua nova terra, em tua nova pátria, anunciarás….” Leia todo o poema-reflexão de Dom Erwin Kräutler aqui



Álvaro Gomes