“Quantos de nós não nos julgamos tão devotos de Cristo
que de bom grado O abraçaríamos na Cruz,
e na verdade nos revelamos incapazes
de nos aproximarmos efetivamente dos outros…”
No fim-de-semana de 4 a 6 de Abril tivemos o Retiro Quaresmal dos LMC.
Na Casa dos Missionários Combonianos em Coimbra, num encontro que reunia formandos e LMCs, foi-nos proporcionado pelo Pe. Manuel Lopes um tempo de encontro com Deus a partir da meditação da Sua Palavra e da recente Exortação Apostólica do Papa Francisco, a Alegria do Evangelho (EG).
Fica desde já expresso o nosso muito obrigado pelo excelente acolhimento e cuidado com que todo o retiro foi preparado.
Confesso que, depois de vários comentários que fui ouvindo na comunicação social, foi para mim uma surpresa encontrar na Exortação do Papa tanta humanidade expressa de forma tão simples, fazendo-me mesmo acreditar que esta esteja ao alcance de qualquer um. E está!
Em primeiro lugar, tal como Jesus, somos convidados a fundar toda a nossa espiritualidade missionária na oração, certos de que essa é a fonte de onde brota o Amor sem fim, sem condições e sem limites. Todo o encontro efetivo com Deus nos compromete com o mundo e é na oração que se encontram as motivações adequadas para as nossas diversas atividades fazendo com que estas, apesar das dificuldades e cansaços, sejam sempre vividas com o ânimo e alegria (cf. EG n.82).
E não se trata de uma alegria alienada da realidade e sofrimento dos outros, mas sim de um sentimento fundado na certeza do Reino, que pode já brilhar em todas as situações das nossas vidas através da Esperança. Mesmo em nós, apesar da dolorosa consciência das próprias fraquezas, devemos recordar o que o Senhor disse a São Paulo: “Basta-te a minha graça porque a força manifesta-se na fraqueza” (cf. EG n.85).
“somos desafiados pelo Evangelho a descobrir e transmitir
a «mística» de viver juntos, misturar-nos,
encontrar-nos, dar o braço, apoiar-nos…” (cf. EG n.87)
Finalmente, impressionou-me o repto do Papa: “Sair de si mesmo para se unir aos outros faz bem”. Neste tempo em que os meios técnicos para a comunicação entre pessoas superabundam, somos desafiados pelo Evangelho a descobrir e transmitir a «mística» de viver juntos, misturar-nos, encontrar-nos, dar o braço, apoiar-nos… (cf. EG n.87). Somos convidados a abraçar o risco do encontro com o rosto do outro, com a sua presença física que interpela, com o seu sofrimento e suas reivindicações, com a sua alegria contagiosa permanecendo lado a lado (cf. EG n.88).
Quantos de nós não nos julgamos tão devotos de Cristo que de bom grado O abraçaríamos na Cruz, e na verdade nos revelamos incapazes de nos aproximarmos efetivamente dos outros, num compromisso sério e duradouro, de provarmos até ao fundo o gosto da missão? (cf. EG n.91 e n.81)
Dou graças a Deus por este retiro e por todos os que nele participaram (incluindo aqueles que o fizeram sem estarem ali presentes), e peço-lhe que nos conceda a todos o Dom de nos sabermos fazer próximos de quantos precisarem de nós... sem medos, preconceitos ou faltas de amor.
Por: Pedro Moreira, LMC