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Leigos Missionários Combonianos

Servindo a Missão ao estilo de S. Daniel Comboni

Leigos Missionários Combonianos

Servindo a Missão ao estilo de S. Daniel Comboni

Ecos do Encontro de Outubro 2015 - II

Venha a Nós o Vosso Reino

 

Naquele fim-de-semana chuvoso de 9 a 11 de outubro fomos acolhidos na Casa dos Missionários Combonianos de Viseu para o 2º Encontro Formativo.

Para mim, foi a primeira vez que vivenciei, e de forma muito gratificante, esta caminhada mensal a que me propus: a viagem a Viseu, o bom acolhimento na casa dos nossos irmãos missionários, o aprofundamento na fé e no amor a Jesus, a S. Daniel Comboni e ao próximo.

O encontro anterior, em Fátima, tinha reunido pela primeira vez os novos formandos que agora iniciam a sua caminhada formativa, para as apresentações do Movimento LMC. E contribuiu decisivamente para a minha tomada de consciência interior e para a decisão de começar "já".

Agora tínhamos pela frente um primeiro tema sob a forma de pergunta ou desafio - Reino de Deus: mito ou realidade? - que a Missionária Secular Comboniana Clara Carvalho nos orientou e ajudou a aprofundar.

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Antes de mais, o que é um mito? O que é a realidade?

Partindo do senso comum, se pensarmos que a realidade não é apenas corpo mas também a mente, sensações, afetos e emoções, a nossa relação com Deus e o seu amor são realidade.

O Reino de Deus é algo que já existe e continua em construção? Ou é algo que há-de vir daqui a muitos séculos? Nada melhor que a Palavra de Deus para encontrarmos respostas.

A partir de uma longa lista de referências a textos bíblicos, do Antigo e do Novo Testamento, criámos dois grupos de trabalho, um para aprofundar a questão Como é o Reino de Deus, o outro a questão Como entrar no Reino de Deus.

Um reino para todos, universal. Para todos os tempos, que jamais será destruído. Que já está entre nós (e dentro de nós), mesmo se não parece visível. Contrariamente aos reinos e às repúblicas dos homens, o Reino de Deus não é de "comer e beber" mas de justiça, paz e alegria. Cresce como o grão que germina na terra (mesmo enquanto o agricultor dorme) e dá fruto, como o pequeno grão de mostarda, como o pedaço de fermento que faz levedar a massa.

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O que é necessário para "fazer parte" do Reino de Deus?

(como "entrar" no Reino, quem "merece" o Reino... não me parecem formas tão acertadas de colocar a questão. Será que não merecem todos os homens, deixando-se trigo e joio crescer lado a lado até à ceifa?).

"Deixai vir a mim as criancinhas".

"Bem-aventurados os pobres... os que choram... os mansos... os que têm fome... sede de justiça... os misericordiosos... os limpos de coração... os pacificadores... os que sofrem perseguição...".

"Vós sois o sal da terra... a luz do mundo...".

Que responsabilidade a nossa! E que honra!

Qual o nosso papel aqui e agora, como súbditos e servos deste Reino? Aonde e a quem é ainda preciso chegar? Acreditar na Boa Nova é aceitarmos a missão de ir dar boas notícias.

Deixar tudo e seguir sem olhar para trás. Como este desafio nos interpela e nos assusta! Quantos de nós a isso estão dispostos? Confiemos em Deus que Ele providencia o resto, quando e como nos chamar.

No segundo dia a Clara partilhou connosco o seu testemunho de amor a Deus e aos irmãos que sofrem, nas várias partes do mundo aonde foi chamada. E retenho, de entre as suas palavras iluminadas, a ideia que "a acção em missão é sempre de Deus, apenas somos seus colaboradores".

Não posso também deixar de evocar e de sublinhar os momentos de oração e de celebração eucarística em que todos participámos e que me fizeram sentir (como nos cenáculos dos discípulos de Jesus) a presença do Espírito Santo e o espírito missionário comboniano.

Foi um encontro muito especial também por, em simultâneo, ter decorrido a assembleia anual dos LMC de Portugal e termos tido a oportunidade de conviver e de partilharmos os momentos de oração com os leigos. E sobretudo por termos tido a presença, serena mas determinada, da Maria Augusta que vai partir brevemente para a missão de Mongounbá na República Centro-Africana. Rezemos ao Senhor para que a proteja e abençoe a sua missão.

Que a chuva que caiu durante o fim-de-semana, abençoada pelo Senhor, faça germinar as sementes lançadas à terra e crescer a Sua seara.

 

 

Por: Mário Breda

Ecos do Encontro de Outubro 2015

“… Deus manifesta ao homem as riquezas incomensuráveis do seu Ser, do seu Poder, da sua Bondade.

A Criação e a Revelação são a sua linguagem…”

                                                                                                                                                                 (Paulo VI)

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Reino de Deus, Mito ou Realidade !?

 

Amor, não é um Mito!

Então o Reino de Deus também não é um mito! Porque falar de Amor é falar de Deus! O Seu Reino não é um espaço, um lugar, uma hierarquia, um sistema. Ele está dentro de nós, tal como o Amor! Somos (todos) uma partícula do Seu Reino.

Temos a obrigação de cuidar, de o tratar, de o alimentar; Cada um com a sua responsabilidade e do seu jeito, mas sempre com muita intimidade! Somos todos diferentes, é verdade! Mas, a diversidade é a riqueza que Deus nos dá para conhecer e darmo-nos a conhecer!

É nesta relação de partilha que Deus está presente e se revela, levando-nos a sentir aquele Amor incondicional, que nos faz acreditar na nossa capacidade de crescer com Ele e para Ele; Aquele Amor que nos funde e nos transforma numa unidade bela, transcendente que nos faz ver no outro o rosto Dele!

Um Amor único, grande, misericordioso, que nos provoca constantemente!

Porém, é necessário e obrigatório que este Amor se instale nas nossas entranhas e brote dos nossos corações através das palavras, pensamentos, atos e ambições e assim sermos Partículas activas do Seu Reino!

Porque o Reino é real, o Amor é que nem sempre é verdadeiro! (O mais correto será questionar: Amor: Mito ou Realidade?!)

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Por: Cristina Sousa 

Quero voltar!!

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 A ida de Jesus, relatada no evangelho do Domingo XXIII do tempo comum, até a um território fora da tradição judaica, diz-nos da preocupação que Deus tem com todos, não deixando ninguém de fora. Um surdo é encaminhado até Jesus, porque não ouvindo não sabe nada d'Ele e logicamente não o poderia procurar por própria iniciativa. A quem não conhece Jesus não temos de censurar, mas antes conduzir até Ele. 

 

Na caminhada que fazíamos para a ida a Moçambique íamos ao encontro do esquecido pela sociedade, falo dos sem abrigos e dos mais pobres, pois, por muito que as pessoas sejam solidárias, esquecemos do verdadeiro sofrimento destes nossos amigos, a solidão. Quantas vezes disseram-nos que eramos diferentes, levávamos um sorriso, um abraço, uma palavra amiga…pois foi esse sentimento que quis levar comigo para Carapira. Não sabia o que ia encontrar em concreto, mas, levei o coração aberto, alegre, cheio de amor para dar. Nós temos que aprender com Jesus a sentir os problemas dos outros e a envolver-nos na sua solução. Foi esse sentimento e objectivo que tentei realizar, e o grupo Fé & Missão executou. Abrimo-nos, escutamos, olhamos, envolvemo-nos e comprometemo-nos com os alunos da Escola Industrial de Carapira, com a família missionária existente, (Padres, Irmãos, Irmãs, Leigos) assim como na comunidade de Carapira. Onde saliento o belíssimo trabalho de todos, de especial modo os dos Leigos Missionários, os quais se encontram próximos das pessoas, das comunidades e dos seus problemas diários, assim como dos alunos da Escola Industrial de Carapira.

 

Todos os dias ia ao encontro da comunidade de Carapira, após ter rezado as laudes (06:00), ter “matado o bicho”, expressão engraçada que quer dizer tomar o pequeno almoço, ia entre 1:30 a 2:00 ter com as crianças, brincava com elas, levava um sorriso, ajudava a tirar água do poço ás mamãs…o estar com as pessoas, dar um abraço e uma palavra amiga a todos que encontrava. Aprendi que quem nada tem de bens materiais, são de facto os mais felizes, pois não se preocupam com o aspecto físico do outro, com a maneira de vestir e de estar, mas sim a alegria de estar e poder partilhar o pouco que se tem com o outro.

 

Foto

 

Saliento alguns momentos marcantes na minha estadia, numa sexta-feira fui visitar com o Padre Firmino a comunidade de Caserna, era o dia de baptismos, adorei participar nesta festa tão bonita e de uma cultura especial, enquanto o Pe. Firmino confessava os jovens que iam ser baptizados, eu fui dar uma volta na comunidade, e numa das casas, estava um jovem de 12 anos, o David, deitado na entrada da casa, gemendo com dores. Após ter questionado o que se passava e não ter obtido resposta do jovem, aparece a mamã do David, onde informa-me que foi mordido por um bicho. O David, tinha a mão muito inchada, ao ponto de eu ter ficado transtornado, tentei alertar a mamã para ir ao médico, mas, ela disse-me que não podia, era muito longe o centro de saúde, e não tinha dinheiro para ir de Chapa, o único transporte que poderia apanhar. Não consegui ficar impune a esta situação, entretanto levava na mochila água potável, onde limpei a mão do jovem, e ofereci-lhe uma fatia de bolo, que levava para comer caso tivesse fome, o David adorou comer algo doce e tão bom.
Quando cheguei à Escola de Carapira, dirigi-me à casa dos Leigos Missionários, e fui pedir ajuda à Márcia, uma das Leigas que trabalha nesta missão, Portuguesa e do Distrito de Aveiro, onde prontificou-se logo de auxiliar o David.

 

Na semana seguinte encontrava-me com um grupo de cinco jovens de Carapira, na rua a conversar, quando de repente vejo um homem a carregar nas suas costas uma mulher, a mesma estava doente com malária, e o senhor estava de rastos, não conseguia andar muito. Pedi ajuda aos jovens para auxiliar o senhor, mas a resposta foi negativa, pois era normal, a senhora estava com a malária…mas não pude ficar a ver esta situação sem fazer nada, então eu auxiliei o senhor, ele carregava a senhora nas costas, e ele apoiou-se em mim, nos meus ombros…onde não fiz muito, mas penso que ajudei, pois senti que fui útil. São pequenos gestos que podem mudar o mundo.

 

O que mais me impressionou em Moçambique foi a falta de condições em relação à saúde, à educação e aos direitos de igualdade, pois a mulher é considerada inferior ao homem. Mas a alegria, a simpatia, a simplicidade daquelas pessoas faz superar todo o negativismo existente, quero salientar a “educação daquele povo”, onde são educados (gostam de cumprimentar as pessoas), mesmo não terem direito à instrução escolar que muitos povos obtêm.

 

Todos nós tivemos várias responsabilidades, umas mais atarefadas, outras mais folgadas, mas todas muito importantes e com sentido de missão. Vivemos, trabalhamos como uma comunidade. Agradeço a todas as pessoas que nos receberam, nos acolheram, que confiaram em nós…mas de modo especial aos jovens da Escola Industrial de Carapira, ao 3º B, dos quais senti-me mais próximo e todos os dias lembro-me deles, rezo para que estudem, lutem por um futuro melhor e que não se esqueçam que podem ser o que quiserem, não são inferiores a ninguém.

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Vivi um sonho do qual nunca esquecerei. Posso dizer que “Cheirei a Missão”, a qual realizou-me como homem e como cristão. Quero voltar!!
Por isso e para isso, peço ao Senhor que nos cure da surdez e da cegueira e nos coloque em comunhão sincera com o seu amor e com o mundo que nos rodeia.
Até breve Carapira - Moçambique!!

Por: Germano Ferreira, Fé & Missão