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Leigos Missionários Combonianos

Servindo a Missão ao estilo de S. Daniel Comboni

Leigos Missionários Combonianos

Servindo a Missão ao estilo de S. Daniel Comboni

Primeiros dias da LMC Marisa em Moçambique (parte III)

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Quinta feira, 17 de agosto de 2017

Esta manhã fui pela primeira vez ao bairro, à comunidade. No caminho de regresso o meu coração vinha cheio de alegria. Brinquei com as crianças. Àquelas que me falavam em macua, não consegui compreender o que me diziam. Assim como elas não me compreendiam também. Mas rimos e brincamos, e com esta alegria de sermos crianças conseguimos assegurar afetivamente alguma comunicação não verbal. Com as crianças, até agora, pelo menos, tem funcionado…

Ao passar na entrada da escola, à conversa com Sérgio estava uma senhora. Cumprimentamo-nos:

- Salama! Ihàli?

- Salama! Khinyuwo?

E não deu para mais. Se não contasse com a ajuda de Sérgio, não teria percebido o que a senhora me tentava comunicar. Por um lado, sentia-me agradecida: pela senhora que, mesmo compreendendo que eu precisava de tradução sistemática, não desistiu de falar comigo e de me contar como estava a família e saúde; pela pessoa que me acompanhou e traduziu pacientemente a conversa. Por outro lado, sentia-me envergonhada por não conseguir alcançar o que me estava a ser dito (não só ali, naquele bocadinho, mas durante toda a manhã, e noutros momentos singulares durante a semana, exemplarmente, na eucaristia de Domingo que fora celebrada em língua Macua).

“Depender de traduções exige paciência e humildade… ajoelha-te Marisa, faz-te pequena e sente-te grata”, consolei-me. 

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Voltei a casa. Estava a arrumar umas coisas quando ouço uma voz jovem:

- Hoti? (Dá licença?)

- Hotìni (faça favor), respondi.

Abri a porta e uma jovem esperava-me com um sorriso. “Oh, bolas! Estou sozinha em casa… se me vem pedir ajuda para o que quer que seja, eu não sei como lhe responder porque ainda não conheço nada…”, pensava enquanto saía...

- Sou Ancha, ouviste falar de mim? Vim me apresentar e dar as boas vindas…

Lá conversamos durante um bocado. «Tempo» … as pessoas aqui conversam e “gastam” tempo uns com os outros - desinteressadamente. Aquele preliminar foi mais uma lição. Aprende, Marisa.

À despedida disse-me qualquer coisa em macua. Não compreendi nem consegui devolver-lhe uma resposta. “Tenho que aprender qualquer coisa de macua… é o mínimo que sinto que posso fazer, para já, como reconhecimento a tamanha hospitalidade do povo…”, disse para mim mesma ao entrar em casa.

Ainda assim… apesar do desconforto que podemos sentir quando não sabemos alguma coisa, não saber «nada» também traz alguma saúde interior e criatividade.

Primeiros dias da LMC Marisa em Moçambique (parte II)

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Sexta feira, 11 de agosto de 2017

Esta tarde, eu e a Kasia, retomamos caminho, agora para Carapira, onde está a nossa missão, a nossa casa. Pelo caminho deliciei-me com a paisagem. A minha primeira ou ‘maior’ impressão de África, de Moçambique, é o espaço – um espaço a perder de vista e em que todos os caminhos são longos, em que há um silêncio da própria paisagem que se faz sentir dentro de nós. Uma paisagem infinda que pede um tempo paciente e demorado para a contemplação. Confio que seja impossível não se ficar extasiado com esta poesia que habita o mundo e que é uma imensidão, o horizonte de Deus.    

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À noite, depois do jantar, recebemos em nossa casa um casal de leigos locais, os Professores Martinho e Margarida, as Irmãs Combonianas (Irmãs Clarinda, Eleonora, Maria José e Teresinha), o Irmão Luigi e o Padre Firmino. Foi um momento bonito e alegre de convivência que provou, uma vez mais, o sentido de hospitalidade, sobretudo, que aqui se vive.

 

Quarta feira, 16 de agosto de 2017

Acordei esta noite a pensar que a hora para me levantar estaria próxima. A falta de luz, dentro e fora do quarto, diziam-me que não. Peguei na lanterna, apontei para o relógio pousado junto à cama e os ponteiros confirmaram-me que era noite, e bem noite. Tinha, pelo menos, umas três horas até aos primeiros sinais do dia.  Não consegui adormecer. Sentei-me na cama, encostei-me à parede e descansei na quietude tão singular que aqui se encontra em horas como aquela. “Que paz!”, pensava, enquanto lembrava aquela bonita expressão que tanto sentido me fez de S. João da Cruz - “a noite é o tempo da casa sossegada”.

 

Primeiros dias da LMC Marisa em Moçambique (parte I)

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Quinta feira, 10 de agosto de 2017

São 5:00 horas da manhã e a agitação dentro do avião sugere que a aterragem em solo moçambicano esteja para breve. Alguns ainda dormem. Está a ser um voo tranquilo, com tempo para tudo: descanso, assistir filmes, impaciência, vontade de esticar as pernas, beliscões – “isto está mesmo a acontecer!”. O senhor que viaja à janela, à minha esquerda, abre a “cortina”. Uau! O dia está a amanhecer, sou uma abençoada: o primeiro, primeiríssimo milagre que testemunho nesta terra é o nascer do Sol. Magnífico. Nada mais vejo senão um quadro pincelado com cores quentes. É impossível ficar estéril a tamanha beleza, aquelas cores enchem-me de alegria e aquecem-me. Fazem-me ter vontade de aterrar agora mesmo.

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Estou em Moçambique! Cheguei a Maputo. Está quente e os cheiros notam-se ainda mais com o calor. As cores contrastam entre si mas o azul da baía parece unir-se ao céu. As pessoas são sorridentes e curiosas. Há alma nova aqui. A vida acontece num ritmo bastante singular.

À minha espera no aeroporto estava o Padre Paulo, Missionário Comboniano. Aguardava-me com uma revista “Audácia”, sorri assim que me apercebi do “código de localização/ identificação” – “menos é mais” e “para bom entendedor meia palavra basta”.

Levou-me até à Casa Provincial. Pelo caminho mostrou-me uma e outra coisa. Passei a manhã com aquela Comunidade de Maputo.

Depois de almoço seguirei para o aeroporto. Se Deus quiser, ao final da tarde estarei em Nampula com a Kasia.             

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Estaria mais ou menos a meio da viagem de Maputo para Nampula quando Samuel, de 6 anos, começou a percorrer o avião de um lado para o outro repetidamente. A almofada com que brincava caiu perto do meu lugar. Apanhei-a e estiquei o braço para a devolver.

- English? Abanou a cabeça para a esquerda. Português? Abanou a cabeça para a direita.

- Português, abanei a cabeça para o lado concordante. Rimos e fizemos “mais cinco!”. 

Brincamos e conversamos um pouco sobre tudo e sobre nada.

A dada altura contou-me:

- Vou encontrar a minha família, os meus irmãos. E tu?

- Eu também – respondi sem pensar.

Apercebi-me instantes depois da resposta que lhe dera: “eu também” … Deus queira e me ajude para que assim seja!

 

Aterrei em Nampula ao final da tarde. Estava já escuro. Ainda estava à procura das malas quando a Kasia entrou na «sala» ... Que bom sentir-me acolhida e recebida com aquele entusiasmo que a fez “invadir” aquele espaço para vir ao meu encontro!

Dali seguimos para a casa das Irmãs. Jantamos, conversamos, descansamos. Ao ir para o quarto dei-me «realmente» conta da novidade que estava a acontecer: rede mosquiteira na cama. Não há como enganar, “isto está mesmo a acontecer!”.

Deitei-me feliz e agradecida a Deus por todas as graças que tive até agora, particularmente, ao longo do dia de hoje. O resto, que seja como Ele quiser. 

 

LMC Marisa Almeida

Visita do Geral MCCJ ao Piquiá, no Brasil

 Família Comboniana Piquiá e comunidade MCCJ de Balsas/MA

No dia 31 de Julho recebemos aqui na missão de Piquiá, no Maranhão, a visita do geral dos missionários combonianos, o Pe. Tesfaye Tadesse, acompanhado do provincial do Brasil, Pe. Dário Bossi. Juntou-se a nós para este momento a comunidade comboniana de Balsas, que também fica no Maranhão.

Sinto que foi um momento importante para o geral "tocar com as mãos" a realidade desta missão, sobretudo do povo do Piquiá de Baixo, que busca o reassentamento do bairro.
Também foi momento oportuno de convivência e partilha como Família Comboniana! Tivémos a oportunidade de partilhar sobre as nossas atividades e perspectivas.
A visita encerrou-se com uma missa solene no dia 02 de Agosto à noite, com a grande participação das comunidades, não somente da paróquia Santa Luzia, mas também de São João Batista, antiga paróquia Comboniana. Após a celebração, houve um momento de convívio entre todos.
Foi bonito ver o carinho das pessoas pela presença e história dos missionários Combonianos nesta missão.
Rezemos sempre mais pelas vocações, combonianas e de toda a igreja!

Visita à comunidade de Piquiá de Baixo

Flavio Schmidt 

Um Inesperado plano de Deus para mudar e melhorar os meus planos!

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O meu nome é Filipe Oliveira, sou estudante universitário e tenho 19 anos e, ao fazer a caminhada com o grupo "Fé e Missão" do Movimento J IM -Jovens em Missão. Decidi abraçar uma das propostas desse caminho que era a de uma experiência missionária de um mês, na missão comboniana de Carapira, no Norte de Moçambique.

Quando penso nesse mês ... não sei o que acontecerá! Esta antecipação do concretizar de um desejo que me arde no coração enche-me de uma série de emoções! Posso dizer, resumindo o que me vem cá dentro, que estou muito entusiasmado e ansioso! Será, sem dúvida, uma oportunidade fantástica para me poder doar inteiramente; e crescer, recebendo tudo aquilo com que irei sendo tocado, como dizia o poeta: "Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós." (Saint-Exupéry)

Não posso dizer, contudo, que tenho expetativas (nem boas, nem más). Não as tenho - e ainda bem, porque as coisas só fazem sentido se surgirem como uma surpresa - por isso, vou deixar-me surpreender.

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E isto de me deixar surpreender leva-me a falar dos motivos que me levam a partir. Eu gosto de fazer planos: mas raramente os cumpro, ou raramente os concretizo. Muitas vezes o que se planeia é fantástico, é bom, mas não é o plano certo. E, embora tivesse um grande desejo de viver uma experiência destas; e, assim que esta oportunidade me apareceu eu a tenha aceitado sem hesitar muito; talvez não seja aquilo que eu, quando pensava viver algo assim, tivesse pensado. E é esse o motivo que me leva a Carapira: porque eu sei que alguém pensou nisto antes de mim e quis dar a volta aos meus planos. Esse alguém é Deus. Acredito e sinto que é Ele que me "empurra" a Carapira.

A vida de um cristão é um caminho. Esse caminho, não o desenho sozinho: Deus desenha-o comigo. E houve partes do caminho que eu trilhei; e outras que foi Deus quem trilhou. E, não sei mesmo, mas olhando para esses pedaços do caminho ... a sua travessia é desconcertante! Mas, quando chegamos ao fim desse trilho, olhamos para trás e vemos que crescemos tanto ... que somos tão diferentes no fim..., mas, porque mais configurados com Deus, estamos muito melhores, felizes!

Carapira é uma parte do meu caminho que Deus me propõe; uma parte do caminho sobre a qual não tenho expetativas, porque não a planeei ao pormenor, mas que apenas sei uma coisa -que algo de muito maravilhoso terá esse trilho, porque não será atravessado sozinho.

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Preparo-me para partir com um coração vazio: pronto para receber aquilo que Deus, através das pessoas que comigo vão e com as que já lá estão e com quem farei comunidade quiser nele colocar. Assim, parto para fazer um caminho onde espero encher o coração. Um inesperado plano de Deus para mudar e melhorar os meus planos ...

 

Filipe Oliveira

Com Maria, Missionários de Jesus

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“Não podemos temer nunca quando temos uma mãe poderosa e amorosa que vela por nós”, disse-nos um dia São Daniel Comboni. Maria é a Mãe que nunca nos abandona, que sempre nos escuta, que sofre connosco e nos ama como filhos.

No ano em que comemoramos o centenário das aparições de Fátima; que os MCCJ celebram os 150 anos da fundação do Instituto; e em Portugal celebramos os 70 anos da presença comboniana no país, motivos não faltaram para que, no passado dia 22 de Julho de 2017 se realizasse, uma vez mais, a Peregrinação da Família Comboniana ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, com o lema, “Com Maria, missionários de Jesus”.

Este ano iniciámos a peregrinação com a oração do terço, na capelinha das aparições, onde apesar das inúmeras pessoas que ali se encontravam, pudemos vivenciar momentos de profundo silêncio e de oração.

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Depois da oração do terço, celebrámos a Eucaristia na Basílica da Santíssima Trindade, presidida pelo Bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos. Numa celebração litúrgica simples, mas abundante no amor a Deus Pai e no amor fraterno entre todos os membros da Família Comboniana, recordo as palavras do D. António Francisco, durante a homilia, convidando-nos a sentir a missão, “não como um título de glória. A vossa glória está na cruz de Cristo, vivo e ressuscitado, que o missionário comboniano leva nas suas mãos como seta a indicar o seu caminho e bússola a guiar os seus passos”.

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Durante a hora de almoço, à volta do Centro Paulo VI, era visível a alegria de tantas pessoas, os rostos alegres, os maravilhosos reencontros, a união fraterna, o amor de uns para com os outros… Confesso que me sinto privilegiado em sentir tanto amor e carinho sempre que participo na Peregrinação da Família Comboniana, privilegiado por presenciar a generosidade das pessoas, por escutar testemunhos de vida lindíssimos, por ver famílias inteiras alegres por fazerem parte desta grande família, por poder conhecer pessoas fantásticas cujo coração está cheio do amor de Deus.

Durante a tarde, reunidos no Centro Paulo VI, estivemos todos juntos, como família. No fim, antes de partirmos, realizámos a celebração de envio dos missionários que irão partir: Pe. Abílio Simães, MCCJ, Ir. José Neto, MCCJ, Ir. Gebaynesh Mutti, IMC, e, ainda, as nossas queridas LMC, Neuza Francisco e Paula Ascenção. Como referiu o D. António Francisco, durante a homilia, “parti com a certeza da bênção da Mãe de Deus e Mãe da Igreja, Senhora de Fátima, a Senhora mais brilhante que o sol que ilumina todas as manhãs da missão. Senti a protecção dos santos pastorinhos Francisco e Jacinta, que se ofereceram a Deus para que a mensagem aqui recebida actualize o Evangelho no nosso tempo e em todo o mundo. Também eles com o seu belo testemunho de santidade nos ensinam a ser: “Com Maria, missionários de Jesus””.

 

Pedro Nascimento