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Leigos Missionários Combonianos

Servindo a Missão ao estilo de S. Daniel Comboni

Leigos Missionários Combonianos

Servindo a Missão ao estilo de S. Daniel Comboni

Descobertas do encontro de novembro de 2014

 

 

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“Evangelizar implica entrar pela porta

de uma missão que não é minha, mas de Deus

e levar na mão, na boca, e, acima de tudo, no coração,

uma fé autêntica…”

 

A viagem de regresso a casa após um encontro de descoberta de Deus costuma ser fervilhante de vontades de falar sobre A(s) Boa(s) Nova(s) que aprendi. Pois este, não foi diferente. Contudo, experimento com maior ímpeto a vontade de ficar para me apaixonar mais por este “Deus de Abrão, de Isaac, de Jacob”. Porque, de facto, não me sinto suficientemente apaixonada por este mesmo Deus para falar dEle sem errar e com aquele brilho no olhar que permite a outros tantos quererem conhecê-lO melhor, apaixonarem-se também. E quando falo de paixão, falo do amor e não de meros fanatismos.

 

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Neste encontro de formação de novembro venho preenchida de tantas descobertas que gosto de ir fazendo ao longo da vida. Muito mais que meras descobertas do outro, foram também descobertas de Deus no outro.

 

Descobri a importância da “nova evangelização”: nova porque é revista, porque se volta à fonte para recuperar o frescor original do Evangelho, nova porque é uma eterna novidade e não nova porque diferente. O Evangelho é o mesmo; a realidade é que é diferente. Descobri nesta Nova Evangelização uma Igreja que pretende fazer memória na história de todos, sem excluir ninguém, através de estradas renovadas que conduzem a Deus. A meta da Nova Evangelização faz-me confiante no meu Pai que se quer aproximar de todos, permitindo-me explicá-lO das formas mais diversas, conversar sobre Ele e com todos (ad gentes) nos mais diversos dialetos, sejam eles no âmbito da comunicação verbal ou não verbal e, assim, abarcar mais terreno durante a minha sementeira.

 

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Evangelizar vai mais além do que meras ações destinadas a tranquilizar a própria consciência; Evangelizar implica entrar pela porta de uma missão que não é minha, mas de Deus e levar na mão, na boca, e, acima de tudo, no coração, uma fé autêntica – que nunca é cómoda ou individualista – que comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela.

 

“… colocar em tudo O Amor de Deus.”

 

Descobri que a metodologia de Deus passa sempre pelo estar docilmente atenta ao pobre (seja ele de natureza material ou espiritual) e que a presença deste pobre é misteriosamente poderosa por nos permitir uma descoberta fiel de Cristo, por encarnar a imagem de um Cristo sofredor. E este estar docilmente atentos ao pobre transcende a imagem de solidariedade a que nos fomos habituando a vislumbrar no quotidiano das nossas vidas: é mais do que atos esporádicos de generosidade que tantas vezes nos permitem uma falsa tranquilização da nossa consciência; é mais, muito mais. Supõe a criação de uma nova mentalidade que pense em termos de comunidade, que não é sinónimo de excesso de ativismo, mas sim de colocar em tudo O Amor de Deus: um amor que não se serve do outro mas que serve o outro. Uma Igreja pobre para os pobres.

 

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“… neste entrar em contacto com a vida dos outros,

vivo a intensa experiência de ser povo.”

 

Descobri uma falha minha: quantas não são as vezes que, enquanto cristã, me quero manter fora do alcance das chagas do Senhor? A realidade: Jesus quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a carne sofredora dos outros, que entremos em contacto com a vida dos outros. A verdade: a vida complica-se sempre maravilhosamente pois neste entrar em contacto com a vida dos outros, vivo a intensa experiência de ser povo, de pertencer a um povo.

 

“A aniquilação deste medo mora na confiança

que devo depositar no Espirito Santo.”

 

Descobri que ser missionário é ser santo. Descobri que quero ser santa. E isto assusta-me ao olhar para outros santos que tanto de bem fizeram; do outro lado da rua estou eu (e outros que se sentem de forma similiar) que me sinto tão pequena, tão errante em tantos passos. Mas (re)descobri/relembrei: não posso ter medo! A aniquilação deste medo mora na confiança que devo depositar no Espirito Santo, uma confiança que se torna vertiginosa e que, paradoxalmente, pode aumentar os meus receios. Mas devo ter dentro de mim a certeza de que este Espirito Santo sabe bem o que me faz falta em cada época e em cada momento.

 

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E uma descoberta maravilhosa: o Evangelho de Deus nada tira à liberdade do homem, ao devido respeito pelas culturas, a tudo quanto de bom possui cada religião. E isto não significa sentar-me numa poltrona e cruzar os braços e simplesmente aceitar outras culturas e religiões mas sim ir ao seu encontro, levar a todos este tesouro pois todos o merecem conhecer. E isto torna-me orgulhosa naquilo em que acredito, feliz (uma verdadeira sortuda) porque me foi permitida a descoberta de Deus Amor e traz-me uma responsabilidade acrescida face a tantos quantos me rodeiam e que se mostram indiferentes quanto ao valor que oferecem às religiões.

 

Sinto que me cabe a mim, numa atitude de humilde colaboradora de Deus, e não de protagonista, este desafio de lhes levar a alegria e a esperança, o fervor, de conhecerem Deus e de o experimentarem, de serem também felizes e bem-aventurados.

 

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De todo o encontro fica-me a grande descoberta: a necessidade de contemplar mais Deus no meu dia-a-dia, de me apaixonar mais por Deus, de o ver no pobre que está ao meu lado, de encontrar nEle toda e qualquer resposta às minhas infindáveis interrogações. Sem momentos prolongados de adoração, de encontro orante com a Palavra, de diálogo sincero com o Senhor, as tarefas facilmente se esvaziam de significado, abatemo-nos com o cansaço e as dificuldades, e o ardor apaga-se. É desta contemplação que emergem as palavras, as descobertas de Deus imprescindíveis para a vida missionária que queremos ter seja do outro lado da rua, ou do outro lado do mundo.

 

Durante os vários momentos de oração, olhava para mim, em intimidade e pensava em como é complicado, complexo, comtemplar Deus, ser santo, ser missionário. Depois, olhava cada um de nós presentes no encontro: não estou só mas sim, em comunidade. E, com este olhar, tudo se complicava maravilhosamente. Obrigada!

 

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Até já,

Vossa Carolina Fiúza.

 

Por: Carolina Fiuza