Ecos Jornadas Missionárias
Estivemos juntos em Fátima nas Jornadas Missionárias, vindos de todos os lados, pertencendo a diferentes Institutos Missionários ou a grupos empenhados na causa missionária, para reflectir e celebrar a Eucaristia.
A Eucaristia esteve no centro de todas as conferências e reflexões e este grande Mistério em que celebramos a revelação de Jesus como o precioso e verdadeiro Pão da Vida para toda a humanidade, é também Dom de encontro permanente com o Pai e com os outros com quem somos convidados a partilhar com alegria porque não há Eucaristia sem alegria e sem a presença de Jesus. Mas reflectindo sobre a realidade, constatamos que diminui o numero de cristãos que buscam esse Alimento e por conseguinte o numero de celebrações Eucarísticas porque a vivência da religiosidade é cada vez mais individualista e conveniente com pouco sentido comunitário.
Karol Wojtyla, tão lembrado e citado nestas Jornadas, alertou-nos para as fomes deste mundo: fome de pão, de justiça, de paz, de amor e ternura, de alegria, de esperança e de fé; e para a exigência de respostas a essas fomes através do Pão repartido por toda a humanidade, através da Partilha não só de bens mas também partilha da Palavra, do Amor e do perdão onde ninguém se sinta excluído porque só assim seremos presença de Jesus, só assim vivemos em Eucaristia.
João Paulo II (numa das suas encíclicas) salientou a necessidade de uma Nova Evangelização ou melhor uma Revangelização neste mundo que se diz cristão mas onde a fé não subsiste como fundamento de vida e onde os interesses, o poder, a atitude consumista têm cada vez mais peso, ficando a Eucaristia diluída tornando-se muitas vezes num acto rotineiro de alguns cristãos sem o verdadeiro sentido da presença concreta de Deus. Por isso cada vez mais a proposta de vida cristã é a proposta de “uma outra vida”, onde somos convidados a despojar-nos e a apresentar-nos diante de Cristo com um espírito pobre e humilde vivendo a Eucaristia com “a simplicidade dos filhos de Deus”.
Que neste ano descubramos que a Eucaristia não é a “Ceia do Senhor” para alguns convidados instalados no cento do mundo, mas que, Jesus quer em cada Eucaristia ser para todos o Senhor da Ceia, Aquele que lava os pés aos seus discípulos, Aquele que serve e nos quer enviar para que hoje, através de nós, Ele possa chegar até “às margens deste mundo” onde não há privilegiados e onde podemos viver em verdadeira Eucaristia porque é nas margens que Deus se revela como Pão Vivo descido do céu para os que têm fome e sede de justiça.
Que a nossa atitude seja uma atitude verdadeiramente missionária de quem encontra Jesus na Eucaristia, O vive, O sente e vai até aos outros para partilhar viver esse Encontro e como S. Paulo possa dizer: “Já não sou eu que vivo é Cristo que vive em mim”.
Milú LMC