Que Quaresma? Para quê?
Andei estes dias, a sós comigo mesma, a pensar no verdadeiro sentido da Quaresma.
Na verdade, esta questão, que parece já mais que esclarecida desde o tempo que andava na catequese, ganhou nova forma e nova dimensão este ano.
Perguntei-me se Quaresma seria apenas um tempo para rever e aprofundar a vida de Cristo desde o início da Sua “vida pública” até ao Calvário…
Após alguma reflexão, esta “definição” pareceu-me muito pouco satisfatória.
Perguntei-me, então, se não seria um tempo para fazer a chamada “penitência do corpo”, isto é, um tempo de sacrifício, onde nos abstemos de comer o que mais gostamos…
Achei que esta era uma “definição” interessante, do que é a Quaresma, no entanto, também não a considerei satisfatória.
As definições de Quaresma são muito claras e existem mesmo muitas (e boas) teorias de como viver o tempo de Quaresma. Mas… para quê? Que Quaresma devemos nós, Cristãos, viver?
Devemos ser meros “espectadores emocionados” da vida de Cristo…? Para quê?
Devemos “sacrificar” o corpo para nos tornarmos “exemplos de sacrifício explícito”…? Para quê?
Tentei então ver mais em pormenor a Quaresma de Cristo. Na verdade, Ele foi o protagonista da verdadeira Quaresma.
E… que fez Ele nesse tempo?
Durante esse tempo, Ele deu a vida lutando, pelas leis do Amor, pela igualdade, pela justiça e para que todos conhecessem o Pai.
E… para quê?
Para que todos tivessem Vida em abundância com a certeza do Amor do Pai.
Na verdade, Cristo passou a Sua Quaresma (a Sua vida), dando a vida para que, no fim desse “tempo quaresmal”, a vida vencesse para sempre a morte, para que a vida gerasse vida!
Neste tempo de Quaresma, penso que podemos seguir muitos ritos de penitência e purificação, mas, se tudo isso que fazemos não conduzir a uma “nova vida”, de nada nos servirá o sacrifício.
Se a nossa Quaresma não for vivida segundo as leis do Amor e da Justiça, dando quotidianamente testemunho do Pai, não lhe poderemos chamar Quaresma, porque este tempo não nos servirá para nada.
Viver a Quaresma como Cristão, não é (apenas) seguir alguns ritos, é vivê-la, em verdade, a exemplo de Cristo: é dar a vida todos os dias para que todos possam, no Amor do Pai, ter vida em abundância.
Susana Vilas Boas, LMC