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Leigos Missionários Combonianos

Servindo a Missão ao estilo de S. Daniel Comboni

Leigos Missionários Combonianos

Servindo a Missão ao estilo de S. Daniel Comboni

Advento 2011

Os Leigos Missionários Combonianos desejam a todos um Santo Advento

rumo a um Natal repleto de sentido.

Esperamos que este seja para todos um tempo de reflexão que permita o Encontro com o Menino Jesus e que acenda em nós o desejo de O levar aos povos que ainda O não conhecem.

Ainda ecos do encontro de Novembro

 

 

No passado fim de semana de 12 – 13 de Novembro fui à casa dos Missionários Combonianos da Maia.

 

Era o meu 2º encontro de formação pois candidatei-me a Leigo Missionário Comboniano. Ainda estou no princípio. O tema era “Os Leigos e a Evangelização” e como formador tivemos o Pedro Moreira.

A formação propriamente dita correu muito bem. O tema era apelativo, evidentemente, e o Pedro, para além da parte teórica, ainda conseguia torná-lo mais interessante pois complementava-o com episódios da sua vida como leigo missionário em Moçambique.

Mais uma vez fiquei espantado com a maneira acolhedora e simpática com que me receberam. Já no primeiro encontro de Outubro, em Coimbra, foi das coisas que mais me marcou: eu não conhecia ninguém mas, em pouco tempo, senti-me logo à vontade. Como não estou habituado a sentir-me logo tão integrado ao conhecer um grupo de pessoas pela primeira vez, não pude deixar de pensar na razão de tal ter acontecido. Na realidade, nem sequer foram “forçadamente” atenciosos para comigo. Parecia, isso sim, que já nos conhecíamos. Terá sido todo aquele ambiente muito calmo que nos rodeava?

Na Maia sucedeu exatamente o mesmo.

 

Não quero terminar sem falar de dois assuntos.

 

O primeiro foi a homilia do Missionário Comboniano, padre Francisco, na missa de domingo às 9h00. Por muito que me custe confessar, a verdade é que muitas vezes me distraio durante as homilias. Mas nessa homilia daquele Evangelho dos talentos, o padre Francisco conseguiu prender a minha atenção do princípio ao fim. Tenho pena de não ser capaz de encadear todas aquelas ideias como ele o fez. No seminário deve haver uma disciplina qualquer que depois os ajuda a discorrer daquele modo. Custa-me acreditar que seja inato. Depois, na formação, verifiquei que o Pedro também tinha apreciado a homilia. Estivemos a analisá-la mas, a mim, o que mais me impressionara, para além do conteúdo, fora a fluidez do discurso.

 

O segundo assunto relaciona-se com um período de convívio que tivemos a seguir ao jantar de sábado. O padre Paulo, o Henrique, a Maria Augusta e a Susaninha resolveram que me iam ensinar a jogar à canasta. Achei o jogo muito complicado e chegámos à conclusão que o melhor seria eu ficar de fora e ir vendo como eles jogavam. O que se seguiu é difícil de explicar. A Susana espreitava, à descarada, as cartas do padre Paulo, que era um adversário dela. Estava de tal modo espantado que ainda cheguei a perguntar ao padre Paulo se a Susana podia fazer aquilo. O padre Paulo encolhia os ombros como quem diz: “não há crise, eu vou ganhar de qualquer maneira” (a interpretação da atitude do padre Paulo é da minha inteira responsabilidade). E a verdade é que ganhou mesmo e por muito, ele e o Henrique.

 

Agora sinto uma certa ansiedade pelo próximo encontro de Dezembro, em Coimbra.

Tenho de reconhecer que a formação até agora tem excedido as minhas expetativas.

 

Por José Cruz

Animação Missionária dentro de portas

 

 

Senti-me a rezar com “a linguagem da minha gente”

... com a (outra) “minha gente”!

 

Lá diz o ditado que “uma mão lava a outra e as duas batem palmas!” Se é verdade que, desde que estou de regresso a Portugal, muitas têm sido as actividades conjuntas com os Missionários Combonianos em Famalicão, é também verdade que, (talvez por isso mesmo), a Animação Missionária do passado fim-de-semana teve um gosto diferente e bem especial.

Desta vez, a colaboração com esta comunidade, levou-nos… à minha Paróquia – S. Lázaro –em Braga. Assim, com o P. José Areeira como “capitão” e o Mateus (noviço comboniano) e eu, como “remadores oficiais deste barco”, fizemos um fim-de-semana de animação que culminou no encontro missionário com os colaboradores dos MCCJ desta zona.

Neste encontro, alargado também a toda a comunidade paroquial, reflectimos sobre a mensagem do papa para o dia mundial das missões, tivemos um tempo de testemunhos e o terço missionário rezado nas várias línguas que nos aproximam (ao P. José e a mim) à missão.

Senti-me a rezar com “a linguagem da minha gente” com a (outra) “minha gente”!

A Eucaristia de conclusão foi também vivida com alegria e entusiasmo por toda a comunidade paroquial que quase não nos deixava partir, tal era a vontade de continuarem connosco e de nos agradecerem por lhes «trazermos a missão para mais perto».

Cá fica um grande obrigada ao pároco – Cónego Roberto Mariz – e a todos quantos nos ajudaram neste fim-de-semana missionário.

O Cristo Rei reinou, assim, desta vez de uma forma especial, na minha paróquia, para todos os povos da terra.

 

Por Susana Vilas Boas, LMC

Ecos do encontro de Novembro

“O homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas do que nos mestres, mais na experiência do que na doutrina, mais na vida e nos factos do que nas teorias”

 

Foi com esta frase, da carta encíclica “A missão de Cristo redentor” de João Paulo II, que iniciou mais um fim-de-semana de formação para os candidatos a LMC’s.

 

O encontro de 12 e 13 de Novembro, que decorreu na casa dos Missionários Combonianos da Maia, teve como teve como tema “Os Leigos e a Evangelização”.

 

A partir de alguns documentos da Igreja pudemos reflectir acerca da Espiritualidade laical, missionária e sobre a cooperação com a Missão. Percebemos o papel central e fulcral dos leigos na Igreja, onde estes são chamados por Deus a concorrer para a santificação do mundo a partir de dentro, como fermento, e deste modo a manifestarem Cristo aos outros, antes de mais pelo testemunho da própria vida, pela irradiação da fé, esperança e caridade.

 

O que distingue o LMC do cooperante é a adesão apaixonada ao projecto de Deus para si e para a Igreja no mundo.

 

A reflexão também passou pela preparação dos missionários para a Missão que, também no caso dos Leigos, deve ser esmerada e vivida com toda a seriedade e dedicação, levando-os a perceber que o que os distingue do cooperante é justamente a adesão apaixonada ao projecto de Deus para si e para a Igreja no mundo. O centro da sua identidade não se foca tanto no “fazer” (embora isso surja com naturalidade) mas sim na relação íntima com o Bom Pastor que é quem nos envia para a Sua messe.

 

O encontro coincidiu com o fim-de-semana de Animação Missionária dos LMC, que foram apresentar a beleza da vida missionária à Paróquia de Nogueira da Maia. Ali, pudemos estar num encontro com os jovens e participar nas Eucaristias da Paróquia, procurando chegar a todos os corações, ou pelo menos deixar por lá algumas sementes para o que Deus quiser…

 

O encontro revelou-se muito agradável, especialmente pelos momentos de convívio entre todos, incluindo-se aqui toda a Comunidade da Maia e os seus postulantes.

Fica aqui expressa a gratidão pelo alegre acolhimento e os votos de que tudo lhes corra pelo melhor.

 

Por Pedro Moreira, LMC

Frederick e Ilaria: Casal LMC de Itália em Açailândia - Brasil

 
 

 

 

 

 

O objectivo da formação é o de tentar reduzir os abusos das multinacionais de extração do minério e promover a organização e a consciencialização das comunidades para que encarem e articulem as negociações de forma unida e colectiva.  

 

 

 

Olá a todos,
Nós por cá estamos bem.

 

Hoje na hora do almoço tínhamos connosco cinco meninas dos 15 aos 17 anos, de uma comunidade vizinha da nossa casa, a quem tínhamos prometido partilhar um pouco da nossa "cozinha italiana". Fizemos macarrão e uma omeleta. Comeram, mas ficaram chocadas por não haver arroz nem feijão. Foi engraçado.

Ontem à noite choveu muito mas agora o tempo está bom, na verdade, recomeçou há poucas semanas o período da chuva após 6 meses da estação seca.


Esta tarde em Piquià, o Frederick acompanhou um curso de vídeo e eu estive a tirar apontamentos junto de uma instituição pública que organiza cursos de formação, para depois poder iniciar, sempre em Piquià, um curso de secretariado para jovens, e outro de cozinha para algumas senhoras, para aprenderem como preparar lanches e bolos para venda em festas (a economia informal é a principal fonte de rendimento aqui no nosso distrito).


Tirando isso, estamos a acompanhar a comunidade de Santa Teresa. A nossa paróquia é composta por trinta comunidades, sendo constituída por várias comunidades em aldeias rurais. Quatro comunidade são aqui do centro e três são do distrito industrial de Piquià. Actualmente, na Igreja de Santa Teresa, celebra-se a Eucaristia apenas à Quinta-feira, mas já existem vários grupos de catequese e um grupo de jovens. Cada comunidade tem seu próprio conselho de coordenadores. Santa Teresa, porém, ainda não tem nenhum, mas estamos a trabalhar para que se constitua um.

 

O Frederick continua a trabalhar no projecto “Justiça nos Trilhos”, organizando jornadas de formação jurídica e visitas ao longo da linha ferroviária de Carajas, onde a multinacional de exploração de minério “Vale” está a duplicar a via ferroviária (que serve para transportar o minério para o porto de São Luís) e a apropriar-se da terra de camponeses e dos quilombolas (os quilombolas são comunidades afro-descendentes, na sua maioria ex-escravos, reconhecidos por leis de protecção semelhantes às leis de protecção dos indígenas, ou seja, boas leis, mas que não são cumpridas, pelo menos aqui no Maranhão). O objectivo da formação é o de tentar reduzir os abusos onde se encontram comunidades locais e promover a organização e a consciencialização dessas comunidades para que encarem e articulem as negociações de forma unida e colectiva.

 

 Dentro de duas semanas haverá lugar aqui no Brasil (primeiro em São Paulo e depois em Açailândia) uma reunião "trinacional" com representantes de comunidades afectadas pela empresa Vale no Brasil, Canadá e Moçambique. A reunião, financiada por um sindicato canadense (USW) terá como objectivo o estudo de estratégias conjuntas de resistência e, no caso de Moçambique, onde os grandes projectos da Vale estão ainda no início, para alertar as comunidades dos abusos habituais, na esperança de que estes não se repitam como assistimos todos os dias aqui no Brasil.

Como dizem os membros do MST (movimento dos Trabalhadores Rurais sem terra) “globalizar a luta, globalizar a esperança!

 

 

"Algumas noites atrás, quando bebíamos uma cerveja, depois de me contar um pouco do seu passado, com o mais sereno e largo sorriso disse-me: “Bem, amiga, acreditavas que a vida era fácil?”… Podem imaginar como me senti!"

 

 

 Entretanto eu continúo as actividades na Pastoral da Criança. Sábado será no interior (área rural) para a última etapa da formação de um novo grupo.

Recentemente fiz amizade com uma jovem da minha idade, Lucimar, muito inteligente, muito alegre e, coisa rara por aqui, solteira e sem os inevitáveis 4 ou 5 filhos.

Lucimar está a tentar continuar os estudos trabalhando como secretária, mas quando falamos da sua infância parecem ouvir-se histórias do tempo da guerra. Décima primeira filha e última de uma mãe solteira, ela começou a frequentar a escola quando chegou à cidade, isto é, aos 10 anos. Antes disso, ela vivia numa comunidade agrícola sem água e sem luz. A sua mãe trabalhava como lavadeira e o seu irmão, um pouco mais velho do que ela, ia todas as noites para os matadouros públicos para ajudar na limpeza de resíduos e ganhar um pouco de carne para levar para casa. Todos os seus irmãos tiveram sempre que trabalhar desde pequenos para terem de que comer. Lucimar perdeu três irmãos muito jovens e, quando tinha dezoito anos, a sua irmã de vinte morreu num parto (num hospital!).

Algumas noites atrás, quando bebíamos uma cerveja, depois de me contar um pouco do seu passado, com o mais sereno e largo sorriso disse-me: “Bem, amiga, acreditavas que a vida era fácil?”… Podem imaginar como me senti!


Emfim, e assim se passam os dias… velozes. 

Acabaram-se as mangas da árvore em frente à nossa casa e agora é hora dos abacates (a fruta é maravilhosa, em contrapartida, os legumes disponíveis limitam-se a cenouras, cebolas, tomates e um único tipo de repolho).

Temos consciência de que somos um desastre, porque escrevemos tão pouco, mas temo-vos sempre presentes no pensamento.


Mil beijos a todos,

 

 

 

 

Ilaria e Federico, LMC's

Fonte: www.comboni.org

 
 
 

Hi God - God 4 all

A Arquidiocese de Braga organizou mais uma vez e com a colaboração do Grupo de Peregrinos, um “Hi God – God for All”. Esta iniciativa, que aconteceu no dia 29 de Outubro e que se repete anualmente, está direccionada aos adolescentes e jovens cristãos da Arquidiocese, proporcionando-lhes ‘um dia com Deus’.

Este ano contou também com o testemunho da LMC Susana Vilas Boas que no final do seu testemunho, convidou os jovens a arriscarem a serem felizes e a lutarem pelo mundo melhor em que acreditam.

 

 

 

Este ano, o Hi God contou com cerca de três centenas de jovens vindos das mais variadas paróquias da Arquidiocese e teve como tema a Liberdade Religiosa.

Da parte da manhã, o acolhimento fez-se com cânticos e com as palavras de boas vindas de D. Jorge Ortiga – Arcebispo de Braga. Este, nas suas palavras, convidava os jovens a viver este dia numa reflexão que os levasse a uma atitude concreta nas suas vidas, “a estar atento à voz de Deus e não ter medo de arriscar quando Ele chama”.

Seguiram-se workshops orientados sobretudo pelo grupo de Jovens em Caminhada, que melhor deram a conhecer as dificuldades de alguns cristãos em algumas partes do mundo que continuam a morrer, todos dias, pela sua fé.

Da parte da tarde, para chamar a atenção sobre esta situação, os quase 300 jovens, formaram uma corrente humana e percorreram, assim, as ruas da cidade bracarense entoando cânticos e danças.

 

É preciso “estar atento à voz de Deus

e não ter medo de arriscar quando Ele chama”.

 

O final do dia foi vivido em primeira pessoa. O P. Devendra, missionário da Verbo Divino, que sendo indiano, falou aos jovens dos problemas dos cristãos da Índia para afirmarem e viverem a sua fé. Do mesmo modo, o P. Vitor Dias, missionário do Espírito Santo em missão na China, partilhou os desafios da Igreja num regime anti-Cristão. Ao terminar, também Susana Vilas Boas, Leiga Missionária Comboniana, partilhou com estes jovens a experiência vivida na República Centro Africana, onde a não-perseguição aos cristãos não significa liberdade religiosa e onde grande parte da população pigmeia, onde se encontrava, ainda não conhece Jesus.

“Quando da vossa idade me integrei na formação para partir para a Missão, só o fiz porque achava que já não era uma criança e, por isso, sabia bem o que queria. Também, não era demasiado velha para abandonar os meus sonhos e deixar de lutar pelo que acreditava e acredito.” – Dizia Susana no final do seu testemunho, convidando os jovens a arriscarem ser felizes e a lutar pelo mundo melhor em que acreditam.

Seguiu-se a Eucaristia, momento culminante da jornada, presidida pelo P. Marcelo Oliveira, Missionário Comboniano, que aproveitou para despedir-se da juventude bracarense uma vez que se encontra de partida para o Congo. Os jovens aplaudiram fortemente em agradecimento pelo trabalho que, com eles, o P. Marcelo realizou ao longo dos últimos anos.

O final da celebração Eucaristica terminou este ‘dia com Deus’, com as palavras de despedida do P. Marcelo: “Ide, a Eucaristia começa agora nas vossas vidas!”

 

Por: Susana Vilas Boas, LMC