2ª Encontro da FEC
Nos dias 9 e 10 de janeiro de 2016 decorreu a segunda sessão formativa organizada pela FEC, com o tema “Voluntariado e cooperação para o desenvolvimento”. O encontro teve lugar em Fátima, no seminário do Verbo Divino, contando com o precioso contributo da La Salete Coelho.
O ponto de partida marcou-se pela definição e familiarização dos conceitos com que iriamos lidar durante o fim-de-semana. Comummente associamos o conceito “desenvolvimento” a uma perspetiva meramente assistencialista e económica, motivo pelo qual, ao longo do tempo, o mesmo tem sido adjetivado. Foram então surgindo, por exemplo, conceitos como desenvolvimento alternativo, desenvolvimento sustentável e decrescimento. Sobre a noção de “cooperação” refletiu-se a necessidade de existir uma cooperação para o desenvolvimento, envolvendo todos os atores vitais para o processo. Enquanto isto, através de dinâmicas, vídeos, gráficos ou imagens, e respetiva reflexão sobre os mesmos, fomos tomando conhecimento de alguns estudos/ teorias, assim como factos e números atuais sobre as desigualdades no mundo. Entre alguns documentos, dedicamos algum tempo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Chegamos a conclusão que uma estratégia vital para combater as desigualdades é através do compromisso e responsabilidade de todos numa educação voltada para o desenvolvimento e para a cidadania global.
No final do dia de sábado vimos o filme “Shooting dogs” que nos permitiu refletir sobre alguns problemas e desafios da missão, nomeadamente o papel das instituições/ ONGD’s e a questão da interculturalidade (importância da aprendizagem da língua local; hábitos, costumes e tradições; relação com a comunidade; conhecer aspetos alusivos à cultura e história do povo; …). Ainda neste dia, houve a oportunidade para ouvirmos o testemunho de uma jovem – a Sofia, natural de Almeirim - que fizera uma experiência de missão de curta duração na Bolívia. Foi um momento que nos encheu de algum entusiasmo e possibilitou conhecer um pouco a realidade daquele país, assim como perceber o impacto desta experiência na vida da Sofia e das pessoas que a rodeiam.
No domingo a manhã foi dedicada ao estudo do projeto: o que é um projeto, os princípios e as fases inerentes e ferramentas utilizadas na sua conceção.
Seguiu-se a eucaristia, momento que contou com o envio de duas pessoas: o Vítor, que irá um mês para S. Tomé e a Rosa, que irá para Timor Leste.
Penso que este encontro foi importante e enriquecedor, não só porque nos permitiu conhecer tantas outras pessoas prontas para a Missão e perceber o modo como estão e se dispõem ao serviço como, também, para refletir aspetos mais técnicos, necessários, no entanto, para uma presença mais autêntica e um trabalho reflexivo no terreno de missão.
Foi um privilégio passar aqueles dois dias ali e com aquelas pessoas, ter podido parar para refletir questões tao atuais e presentes no nosso quotidiano.
Este fim de semana reforçou, no meu íntimo, a ideia de que há um projeto em mim, em cada um de nós, e que, antes de partir em missão, há algo que precede essa mesma partida: a tomada de consciência daquilo que somos (no mundo, em nós mesmos, na vida, com o outro – e não “para” o outro). Ao longo do tempo, quando falávamos sobre as diferenças culturais e a importância da inculturação, refleti que, não obstante a singularidade de cada povo ou cultura, existe algo que é comum e em nada difere: o grito do nascimento. Seja de que casta, estatuto, tribo, grupo, nível, … do oriente ou do ocidente, norte ou sul, o traumatismo da luz é-nos transversal e todos somos depositários de um bem que humaniza. Por mais ou menos desenvolvida que é a sociedade A, B ou C em relação a qualquer outra, acredito que uma educação para o desenvolvimento só ganha sentido, e será tanto mais autêntica, quanto maior for a nossa capacidade para derrubar os muros do preconceito, estigma e da indiferença e enchermos o nosso coração de rostos e de nomes e, ainda assim, renascer as vezes que forem necessárias.
por Marisa
A cooperação para o desenvolvimento é sem dúvida o caminho a seguir para um mundo melhor. A desigualdade e a pobreza são enormes e cabe-nos a nós numa lógica de amor e entreajuda trabalhar na cooperação para o desenvolvimento. O desenvolvimento destes projetos deverá ser sempre numa lógica das pessoas para as pessoas e com as pessoas, ou seja, salvando África com os África tal como defendia S. Daniel Comboni. Para isso, é imprescindível não só conhecer o povo, a cultura e os costumes locais mas também envolver as pessoas em todas as fases do projeto trabalhando numa lógica de cooperação e entreajuda. Só cooperando e trabalhando em conjunto conseguiremos chegar mais longe, caminhando em conjunto conseguiremos levar o amor e a alegria de viver no Amor de Cristo a todos os confins e periferias do planeta.
por Paula