Dia de Comboni, dia de quem vive hoje, a essência do "Salvar África com África"
A 25 de janeiro de 1998, na Maia, iniciou-se o caminho de discernimento e formação para leigos que, imbuídos e movidos pelo espírito de S. Daniel Comboni, se sentiam chamados à Missão.
Hoje, com uma dezena de formandos, continuamos a acreditar que a missão se faz por quantos se entregam e ousam dizer sim ao chamamento de Deus, seguindo os passos de Comboni, os passos deste “pai da África” que acreditou e lutou pela missão africana numa época em que todos desacreditavam deste projeto.
Continuamos a acreditar no Plano de Comboni, continuamos firmes e conscientes no plano que Deus criou para cada um de nós. Assim sendo, e para celebrar este dia tão especial para toda a família Comboniana, nada melhor que um testemunho acerca da última unidade formativa que decorreu no passado fim de semana. O testemunho de alguém que tal como Comboni, ousa nos dias de hoje ouvir o chamamento de Deus à Missão. De quem ousa viver por amor.
“Comboni: Deus, a Cruz e a Missão”
Tenho que vos confessar uma coisa: regressei de coração cheio. Sem dúvida que o carisma de Comboni me toca profundamente e me faz apaixonar cada vez mais pela missão, uma missão que não parte da minha vontade nem de desejos egoístas mas que vem de Deus, Aquele que tanto me ama mas que também ama tantos e tantos irmãos e irmãs esquecidos e abandonados pelos homens, mas nunca por Deus.
Senti que todos nós vibrámos com o tema, simplesmente porque o tema nos levou a meditar muito, a reflectir sobre a nossa fé, sobre a nossa fidelidade ao sonho que Deus tem para nós e sobre a forma como desistimos facilmente dos projectos de Deus e da nossa vida!
Foi nos dias 20 a 22 de Janeiro de 2017, em Viseu que se realizou a 5.ª unidade formativa dos LMC, com o tema “Comboni: Deus, a Cruz e a Missão”, o qual teve como formadora a Irmã Missionária Comboniana Carmo Ribeiro.
O encontro começou na sexta-feira à noite com a chegada dos membros do grupo de formação, vindos dos vários pontos do país. Como é bom o calor da chegada, os abraços e os beijinhos que nos aquecem o coração, os reencontros, a alegria de nos encontrarmos juntos uma vez mais. Este é, de facto, um dos grandes dons da fé e da missão: no nosso caminho, Deus coloca-nos pessoas maravilhosas, que são um grande dom de Deus para as nossas vidas.
O tema, que foi abordado durante todo o dia de sábado e a manhã de domingo, deu-nos a conhecer um Comboni ainda muito desconhecido para nós e, partindo da experiência de Deus que Comboni fez na sua vida desafiou-nos e desafia-nos a reflectir sobre a nossa própria experiência de Deus. Com Comboni, fomos desafiados a viver uma missão que nem é tua nem é minha, mas de Deus. Sim, é Deus quem envia. Durante este fim-de-semana abordámos os pilares da vivência de Deus e da missão em Comboni, os quais serão também os nossos pilares enquanto Leigos com carisma comboniano. São eles: profundo sentido de Deus; momento carismático de Comboni; amor à cruz; a missão actuada em comunidade, qual Cenáculo de Apóstolos; “zelo” pelas coisas de Deus e pela missão; Maria, mãe da Igreja e mãe da África; São José; e, sentido de Igreja, pertença.
Temos mesmo muito a aprender com São Daniel Comboni… Desde logo, com a sua confiança em Deus. Como o próprio referiu, “a nossa vida está nas mãos de Deus e que Ele faça o que quiser; nós, como dom irrevogável já Lha entregámos” (Escrito 434). Depois, foi muito importante conhecer o momento carismático de Comboni, isto é, o amor do Coração Trespassado de Cristo Bom Pastor. Com efeito, foi no dia 15 de Setembro
de 1864, durante o tríduo de preparação à beatificação de Santa Margarida Alacoque que Comboni, na Basílica de São Pedro, perante o coração trespassado de Cristo, teve a sua visão que lhe permitiu elaborar o Plano de Regeneração de Nigrícia: O carisma comboniano brota da experiência que Comboni fez desse coração. Por outro lado, Comboni sempre teve um grande amor à cruz e nunca desistiu dela. Como ele disse, “as obras de Deus, nascem e crescem aos pés da cruz” (Escrito 3833). Aprendemos, ainda, sobre a importância da comunidade para Comboni, como verdadeiro Cenáculo de Apóstolos. Neste ano do centenário de Fátima, foi importante compreender a grande devoção que São Daniel Comboni tinha em Maria, recorrendo constantemente à Sua intercessão. Comboni tinha, também, devoção por São José, homem de “bom coração e intenção recta” (Escrito 7183). Por fim, ainda abordámos a importância da oração na vida de Comboni, o qual não passava mais de três horas sem levantar o seu pensamento a Deus (Escrito 4320) e o sentido de pertença à Igreja. A sua fidelidade à Santa Igreja nunca esteve em discussão e nós, membros da família comboniana devemos recordar-nos sempre disso.
Queridos amigos e amigas, estou grato a Deus pelo dom da fé e pela chama da Missão. Também lhE agradeço imenso a oportunidade de ter conhecido Comboni e o seu extraordinário carisma que a toda a hora me convida a deixar o meu conforto para seguir a inquietação do amor e da entrega ao outro.