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Leigos Missionários Combonianos

Servindo a Missão ao estilo de S. Daniel Comboni

Leigos Missionários Combonianos

Servindo a Missão ao estilo de S. Daniel Comboni

De Laclubar, Timor-Leste

O LMC Mário Breda está neste momento em Laclubar, Timor-Leste, e escreveu-nos sobre a sua missão, no dia 7 de outubro:

"Olá!
Depois de uma semana em Dili, ontem viajei para Laclubar, aldeia nas montanhas do centro, 3h desde Dili. Uma parte em boa estrada, já reconstruida, outras partes em estrada ainda mal. Os últimos 10 km demoraram 40 minutos. Mas isso não importa. Correu bem. É aqui que vou ficar, tem o centro de internamento de pessoas com doenças mentais, dos
Irmãos S. João de Deus. Um espaço grande, vários edifícios, grande horta, animais que comem os restos, tudo aproveitado. Montanha e ar puro.

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Hoje já começo a cozinhar para mim e a tratar da minha roupa e das limpezas. Já me abasteci. Para além dos funcionários timorenses, há uma enfermeira portuguesa que já está habituada a tratar dela, por isso assim continuamos. Há aqui um grande mercado ao domingo, para esta região onde vive muita gente em aldeias nas montanhas que demoram horas para chegar aqui, a pé, carga à cabeça ou a cavalo. Com o tempo, espero também ir a sítios desses. Na casa dos irmãos vive o superior, irmão padre hospitaleiro, açoriano. Um irmão timorense jovem, enfermeiro. E mais 5 jovens aspirantes, timorenses, que iniciaram este ano o seu caminho de formação para se tornarem irmãos hospitaleiros. Aqui há muitas vocações de rapazes e raparigas. Dou-me muito bem com todos, são simples, alegres, inteligentes, generosos.  O povo timorense é muito espiritual, de tradição animista. Existe a fonte sagrada, árvore sagrada (vi uma em Dili onde as mamãs vão colocar o cordão umbilical do seu bebé), casa sagrada que algumas famílias têm como habitação dos espíritos dos seus antepassados. Não é bonito? Assim, a ideia de Deus, de Jesus e de Nossa Senhora é muito sentida pelas pessoas, afinal também estão vivos em espírito. A fé no Sagrado Coração de Jesus e na Imaculada Conceição estão muito enraizadas em Timor. Neste momento, aqui na paroquia de Laclubar, a imagem de Nossa Senhora está em circulação ficando uns dias em cada aldeia, com procissão entre aldeias, a pé por caminhos de montanha, com entrega no início da aldeia seguinte, tudo isto com cânticos, orações, discursos protocolares e refeições partilhadas. Não vi, mas ouvi contar ontem e já tinha lido. A imagem volta à igreja paroquial de Laclubar em fim de novembro para a festa da padroeira Nossa Senhora da Graça. Espero um dia poder participar nestes momentos que me tocam profundamente, tal como as missas a que já assisti.

Quem se evangeliza sou eu que fico profundamente impressionado com a fé das pessoas e interiormente tocado pelo Espírito. 

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Entretanto, vou aprendendo Tetum pois é indispensável para comunicar. Já me desenrasco um bocadinho. Mas a missa é em tetum, só entendo algumas palavras. Os cânticos são de uma sonoridade contagiante, igreja cheia e por fora a toda a volta; toda a gente canta, não só o coro. Os cânticos são muito bonitos, em Tetum, um ou outro em Português (também gostam de incluir). Bem, comecei por querer dizer pouco e já me alonguei.

Tenho de ir tratar do almoço que já é tarde, 13h, aqui +8. Envio fotos (poucas) da viagem de Dili para Laclubar e desta aldeia onde vou viver e fazer parte da comunidade, com amor.

Um abraço,

Mário"

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AQUI, ETIÓPIA

Quando Deus coloca no nosso coração o sonho missionário, no nosso coração e mente começam a surgir ideias e desejos. Sonhamos com coisas, por vezes, tão difíceis de alcançar.

Quando chegamos ao local onde Deus nos envia, com as diferenças culturais, com os problemas de língua (mais de 60 línguas são faladas na Etiópia), as diferenças nos sistemas de educação, saúde e segurança, começamos a entender que as nossas ideias preconcebidas não passam de miragens, por vezes sem qualquer utilidade.

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Porém, se colocamos Deus como o centro da missão, compreendemos que Ele não nos pede causas impossíveis ou milagres, mas sim que sejamos testemunhas do Seu Amor (com tudo o que isso implica, incluindo dar a vida), portadores de esperança, que façamos comunhão com as pessoas. Amamos muito pouco a Deus se não amamos as pessoas.

De facto, durante este tempo na Etiópia verifico que as dificuldades são muitas, que o meu campo de trabalho fica muito limitado. Mas todos os dias me vou apercebendo que o mais importante não é o número de trabalhos que se fazem ou os projectos que se implementam. O importante é a quantidade de amor que colocamos nas relações com as pessoas! No início, saber o nome de cada um, saber a sua família, conhecer a sua história. Pequenas coisas que ajudam a criar amizade e comunhão. E como é bonito quando vou na rua e as crianças com quem jogo futebol dizem “Opetrosa” (Pedro, em gumuz).

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Durante o tempo em Addis Abeba, enquanto estudava amárico tive oportunidade de fazer voluntariado, alguns sábados, com as Irmãs da Caridade de Madre Teresa de Calcutá. Ver tanto sofrimento, fez-me sofrer imenso! Mas ajudou-me a perceber que o que fazemos, se é por amor a Jesus e aos nossos irmãos nunca será insignificante! O que fazemos não é por dinheiro, interesse ou desejo de reconhecimento! É gratuito!

A vida é um dom de Deus e todas as pessoas são para nós dom e mistério de Deus. O povo gumuz, junto de quem, agora vivo, é um dos povos mais marginalizados da Etiópia. Depois da Páscoa, devido a questões tribais, várias aldeias gumuz foram incendiadas, pessoas mortas. Durante várias semanas, no espaço das irmãs combonianas, em Mandura, viveram mais de 800 pessoas gumuz, sem casa e sem esperança. Em Guilguel Beles, os refugiados foram colocados numa escola estatal. No início, os missionários combonianos ajudaram com comida e roupas, foram visitando as pessoas. Depois o governo assumiu o controlo da situação. Ainda hoje lá estão. Famílias, imensas crianças! Quando lá vou, para cumprimentar as pessoas, sinto que somos chamados a ser portadores de esperança para aquelas pessoas, desanimadas e com medo de regressar às suas aldeias, onde não são desejados pelos povos vizinhos.

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O importante é referir que não existem barreiras ao Amor! Lembremo-nos do Hino da caridade, de São Paulo ( 1Cor 13).

Estou aqui há um mês, junto dos gumuz! Depois de ver a realidade é tempo de iniciar trabalho. Várias ideias começam a surgir! Pedimos a Deus para que o nosso trabalho seja sempre pelas e para as pessoas.

Com humildade vos peço: rezem por mim e pela minha comunidade! Rezem pela Etiópia!

Pedro Nascimento

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Batizados e Enviados | A Missão na ação Evangelizadora do Cristão.

No passado fim de semana, 28 e 29 de setembro de 2019, em Fátima, teve lugar as Jornadas Missionárias Nacionais deste ano.

Intituladas com a temática: “Batizados e Enviados. A Missão na ação Evangelizadora do Cristão.”

As jornadas situaram-se precisamente entre o Mês Missionário Extraordinário convocado pelo Papa Francisco, para outubro e no ano Missionário declarado com a temática: “Todos, Tudo e Sempre em Missão.”

As jornadas surgem assim, como mais um marco importante para a caminhada de cada Missionário, de cada batizado.

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Os Leigos Missionários Combonianos não faltaram à chamada e assim estivemos representados.

Com alegria e ardor missionário, por meio de diversas conferências ficou notória a urgência de uma reflexão sobre a Missão da Igreja no Mundo, sobre um dinamismo evangelizador e universal.

Conferencistas de excelência, que nem D. Manuel Linda, Pe. Eloy Bueno, Pe. José Silva, D. António Couto, D. José Cordeiro, deixaram a certeza de um caminho já iniciado que precisa de ser continuado. Que existem tarefas comunitárias mas também individuais: A responsabilidade é de cada Cristão.

Trabalhou-se conceitos como Interculturalidade e aculturação.

Padre José Silva, Missionário do Verbo Divino, mostrou-nos como urge derrubar muros… “Missão é derrubar muros.”

Nestas jornadas, ficou clara a intensa relação entre os sacramentos de iniciação cristã com a Missão.

D. António Couto, com recurso aos Atos dos Apóstolos – Pentecostes, mostrou-nos que o grande protagonista e mestre dos novos tempos é o Espírito Santo. Chega mesmo a dizer que são precisos “novos Pentecostes”… que são precisos “novos Pentecostes”, em Fátima, Lamego, Lisboa…

Ainda no sábado pelas 21h30, a todos foi possível ver, ouvir e sentir missão, foi a vez dos mais jovens contarem as suas experiências em contexto missionário, jovens que fizeram formação com a FEC.

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De forma descontraída, demostraram com as suas palavras e pequenos vídeos e fotos como foi bom, partilharem suas vidas. De louvar a atitude de serviço, empenho e dedicação destes jovens, jovens missionários de coração generoso.

No domingo de manhã teve lugar a conferência de D. José Cordeiro, Bispo de Bragança, que a todos falou da importância da Eucaristia e da Oração para a Missão.

“Sem liturgia não há missão; sem Oração não há Missão.” D. José Cordeiro, dá ênfase e afirma que a Eucaristia é fonte e ponto culminante em toda a Evangelização.

Durante todo o evento, entre os temas, foi possível sempre um pouco de convívio e existiram momentos com dinâmicas engraçadas por parte de um grupinho de Jovens Sem Fronteiras.

Como não podia deixar de ser, as Jornadas Missionárias chegaram ao fim com a Eucaristia partilhada pelos presentes.

Gostaria de terminar esta pequena partilha, fazendo o eco de um pensamento que só os “adultos” na fé talvez entendam: “Se o coração não arde, os pés não andam.”

Um abraço amigo,

Sofia Coelho

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