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Leigos Missionários Combonianos

Servindo a Missão ao estilo de S. Daniel Comboni

Leigos Missionários Combonianos

Servindo a Missão ao estilo de S. Daniel Comboni

Que Estrela os guiou até nós?

Dia de Reis. Ontem o celebrámos este dia no qual 3 Reis Magos viajaram de diferentes partes, guiados por uma Estrela, para visitar em Ação de Graças o Menino que acabara de nascer, trazendo no regaço presentes para o Adorar. É sobre estes Reis, esta Estrela e estes Presentes que nos escreve a LMC Rufina Garcia que há vários anos se dedica ao acolhimento de emigrantes e refugiados ilegais em Portugal. Que Magos, que estrelas e que presentes nos chegam até nós, hoje, neste dia de Reis?

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Queridos LMC

Porque hoje é Dia de Reis e não só...
 
Que Estrela os guiou até nós?
 
A proximidade com o dia de Reis e, ou, talvez não, leva-me a reflectir um pouco, e, segundo a tradição cristã, naquele dia em que Jesus Cristo, recém nascido, recebeu a visita de alguns Magos, guiados por uma estrela.
E o primeiro pensamento, perante a origem destes Magos, permite, desde logo, perceber como, desde sempre, Jesus, na sua Infinita Bondade, tinha presente todos os povos, aliás, quase ousando perguntar, quem são e/ou o que simbolizam estes Magos, se não, o reconhecimento de Jesus por todos os povos do Mundo e a Luz que a todos deve iluminar?
Mas, falando destes Reis Magos, como foram designados, no séc. III, os presentes que traziam consigo, o incenso, o ouro e a mirra, e, independentemente do uso e das pessoas a quem se destinavam, mais uma vez, a diversidade surge, não como um factor de separação, embora me pareça importante referir, que, no ritual da antiguidade, o ouro era o presente digno de um rei, e, ainda, como é importante, perceber como estes presentes eram elementos agregadores e em nada diminuíram a beleza da simbologia do Evangelista Marcos sobre a narração do Nascimento de Jesus Cristo.
E, se no Natal, o Presépio, o nosso presépio, hoje, representado de mil formas, continua a fazer cada vez mais memória de uma Família que desesperadamente procurava abrigo para Eles e para o Filho que havia de nascer.
Passados, tantos, tantos anos, igualmente, num momento em que Refugiados e Migrantes, caminham, só Deus sabe como e para onde, também à procura de abrigo, deixo a pergunta: que Magos são estes que chegaram e continuam a chegar até nós, como se o Natal fosse todos os dias, e que estrela os guiou ou continua a guiar e que presentes/dores trazem consigo?
Não sei se alguma vez tivemos tempo para nos debruçarmos sobre este fenómeno, inclusive, se essa agitação humana e diária conseguiu em algum momento deixar-nos comodamente, meio anestesiados e indiferentes, até, perante um cenário mundial que a todos deveria envergonhar, e isto, porque somos responsáveis uns pelos outros, e, sem demora, deveríamos encontrar a forma certa de Cuidar uns dos outros e de proporcionarmos aquele bem estar a que todos temos direito e que deveria ser capaz de quebrar os ambientes mais gélidos, pois calor, seja em que circunstância for, é e será sempre sinal de Vida.

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Normalmente, ouvimos falar destes problemas e associamo-los a países distantes, gente muito diferente de nós, quantas vezes teremos até a tentação de nos considerarmos superiores a toda essa gente, que, para nós não tem nome, quase não tem rosto e, principalmente, gente em quem tão pouco conseguimos ver pessoas, e, mais difícil ainda, perceber e descobrir, que tal como nós, têm um nome, um rosto, uma família, um país, e, que as suas vidas, a sua história nos deveriam merecer o maior respeito.

Sim, que estrela os trouxe e continua a trazer até nós e que presentes carregam?
Claro, que não trazem nem ouro, nem incenso, nem mirra.
São Pessoas que trazem desenhadas no rosto as situações e os problemas mais inimagináveis e em que o seu olhar espelha um grito impressionante de ajuda, que nos diz que a estrela que os terá guiado, chama-se Esperança e que a Luz que esperam encontrar, passará, seguramente, por cada um de nós.

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Então, que todos nós saibamos Acolher essas estrelas de mil cores que hoje e cada vez mais caminham pelo Mundo, de uma forma tão injusta, desumana, insegura, movida por tantos interesses que assustam e que não percebemos.

E que neste Novo Ano, todos nós possamos entender que essas Pessoas são Estrelas com um brilho único, fazem parte do Universo que somos cada um de nós e que, também elas, são um pouco do brilho que, também, nós próprios, precisamos, de forma a que, hoje e sempre, saibamos ser essa Luz de Esperança, que brilha sem cessar, capaz de Cuidar e de Amar todos, como Pessoas!
 
LMC, Rufina Garcia

O Calor do Advento

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Vinda da Etiópia, chega até à nossa caixa de correio uma bela e sentida mensagem do nosso querido Pedro Nascimento, que, em missão, vive o primeiro Natal for de Portugal: um Natal em busca de Jesus, junto de um povo esquecido, por muitos, mas bem presente no meu coração.

Celebrámos ontem o Primeiro Domingo de Advento (em Portugal celebraram o III Domingo de Advento). Este será, certamente, o Advento mais quente da minha vida. Para além dos 35 graus que agora se fazem sentir, este será o Advento mais quente porque aqui, o tempo de preparação para o Natal está ainda protegido do consumismo exacerbado que em Portugal mata o nosso Natal.

Aqui não se gasta milhões com as luzes natalícias (muitas vezes não temos sequer electricidade ou água em casa), não se vê propaganda natalícia; não se vê a azáfama das compras de Natal e dos jantares e almoços de Natal. Aqui, simplesmente, se aguarda a chegada do Natal, em oração e contemplação, desejando que o Deus Menino nasça nestes lindos e sofridos corações. Aqui, entrego a Deus, esta realidade sofredora, que me destrói e me constrói, que me abre os olhos a uma realidade dura e bela, que me faz questionar o sentido do Natal e o modo como o vivo.

Jesus nasceu num estábulo humilde e pobre, rodeado de animais. Contemplando a realidade onde me encontro, são imensos os lugares onde Jesus poderia nascer aqui: na escola secundária, agora habitada por famílias gumuz, deslocadas de suas casas, tantas vezes sem esperança e com medo; nas famílias que visitamos e que muitas vezes nos oferecem para comer e beber do pouco que têm; na casa das crianças com quem eu e o David vamos brincar todas as semanas e que muitas aparecem descalças, sem roupa ou com as roupas rasgadas e todas as semanas a mesma roupa; na família que perdeu duas crianças, em simultâneo, na semana passada. Para todas estas realidades e muitas outras que não menciono o meu desejo é um só: Vem, Vem Senhor Jesus!

Confesso que tenho grande desejo de celebrar o Natal aqui! Será o primeiro Natal fora de Portugal, fora da família e claro que não será fácil! Mas é um Natal em busca de Jesus, junto de um povo esquecido, por muitos, mas bem presente no meu coração. Será um Natal em que também eu serei pequenino diante das dificuldades e desafios mas esperando a vinda do Príncipe da Paz, do Deus Menino, da Esperança que a todos quer iluminar.

O trabalho, aqui, começa a surgir: a biblioteca que estamos a iniciar, ainda com poucos livros (vamos comprando quando há dinheiro e quando os estudantes nos pedem algum livro em particular), mas que começa a ter vários estudantes; aulas de inglês na biblioteca; aulas de informática na biblioteca; estudo do Novo Testamento com alguns catequistas; actividades com as crianças nas aldeias; visitas e actividades com os jovens que vivem na escola secundária, deslocados de suas casas.

Sei que em Portugal estamos quase no Natal. Assim sendo, desejo a todas e todos, votos de um santo Natal, na certeza de que Deus virá e fará morada no teu coração! Que seja um Natal da Igreja Doméstica, da família e que em todos os lares haja um lugar para Jesus.

Pedro Nascimento

Este Natal

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Ainda me lembro do cheiro molhado do Natal, do casaco vestido, das luzes cintilantes, reflexo da interioridade daqueles que vivem pelo espírito do mais amor.

Aqui é verão, o sol alumbra a magia dos sorrisos e das lágrimas partilhadas entre as vistas e os convites a ficar um pouco mais. O sol queima a paisagem e deixa transparecer a humanidade de um povo não esquecido mas lutador, deixa resplandecer o coração e a alma de todos os que me recebem de todos os que me chegam.

Aqui não sinto o cheiro dos pinheiros verdes nem o fumo da lareira acesa. Aqui o cheiro é de gente humana e humilde que partilha tudo o que tem contigo. Vivo rodeada de gente que, com o testemunho das suas vidas, acrescenta a minha e juntos somos mais de Deus. Um cheiro de espera e esperança que o amanhã, embora com dificuldades, será bem melhor que o hoje e uma vontade enorme de seguir em frente, sorrindo. Cheira a cozinha de quem prepara não uma grande ceia mas, o seu coração para receber a Jesus.

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Tenho tanto a aprender deles.

Deixo-me todos os dias comover com o testemunho das suas vidas. Vidas compostas por pessoas de carne e osso pessoas que com nada partilham o tudo e me moldam as lágrimas e os sorrisos desde aurora ao pôr do sol. Pessoas que me tocam o coração e me transformam. Não desejaria eu um Natal diferente se aqui, encontrei a família que Deus sonhou para mim. Este Natal desejo apenas ser abrigo dos corações que andam em busca de paz em busca de Deus.

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É, às vezes, esquecemo-nos que a verdadeira essência do Natal e da nossa vida está no reconhecimento diário que a nossa vida é um dom e que, o que fazemos dele, deveria ser uma opção diária pelo amor.

Neste Natal esquece os presentes com grandes invólucros e doa-te, como tempo para viver e partilhar com os que amas e busca o perdão junto daqueles que foram ao longo do ano um desafio para ti. Por aqui andarei de casa em casa a visitar aqueles que são e dão vida aos meus dias.

Neste Natal que a tua mesa seja farta, não de uma quantidade infindável de doces mas, de amor, esperança, carinho e união. Neste Natal, deixa-te ser luz na vida dos outros e agente de reconciliação e paz. Deixa-te pertencer e povoar por todos os que amas e que juntos possam agradecer o dom da vida. Neste Natal, permite que o teu coração humilde seja o berço onde renascerá Jesus.

É Natal onde quer que existe a coragem de sonhar, onde existe a ousadia de manter acordados os sonhos dos olhos fechados. Que a certeza do silêncio interior te inspire a viver uma descoberta de Deus em ti, nos outros e no mundo.

Neste Natal, farei como faço todos os dias e levarei o melhor de mim à Milágros e aos seus filhos, à Marcelina, à Célia, há Maria, à Valentina, à Ariana e os seus irmãos, ao Martim, ao Luís e a tantos outros aos quais o meu coração ardentemente me chama.

 

Votos de um Santo e Feliz Natal

Com amor e gratidão,

Neuza Francisco

Encontro de Natal LMC

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Porque onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, aí Eu estarei no meio deles” (Mateus 18,20).

Eram as palavras que ecoavam em mim, ao chegar ao encontro de Natal dos LMC, na casa dos MCCJ em Viseu, que decorreu no passado fim de semana de 14 a 16 de Dezembro. Assim nos sentíamos: poucos, mas reunidos em Seu nome e em comunhão com os que não estavam presentes pelos mais diversos motivos. Foi este também um encontro para dar graças: dar graças pela nossa união onde as distâncias são encurtadas pelo nosso desejo comum de ser missão, onde quer que estejamos, através da oração.

No sábado, e uma vez que estávamos reunidas diferentes gerações de LMC (com a presença da Milú, Graciete, Sandra, Carolina, Filipe e Mónica), tivemos um momento de apresentação, no qual cada um partilhou um pouco do seu caminho como LMC. E foi bom ter esta perspectiva mais ampla, uma visão de cima, do quanto temos caminhado como Movimento de LMC (justamente no momento em que em Roma se reúnem alguns LMC na Assembleia Geral para ultimar que passos dar nos próximos anos).

Após este momento de partilha, a Sandra conduziu-nos a um percurso de reflexão sobre o porquê de fazer o que fazemos, de viver o que vivemos… o porquê e o sentido de muitos Movimentos de Natal, alguns deles impostos pela sociedade.  E, neste contexto, partilhou connosco alguns excertos do livro de Joana Pedro "Até outro dia – Mpakha Nihiku Nikina”. Neste livro Joana testemunha aquele que foi um ano de Voluntariado Missionário Espiritano em Itoculo, no norte litoral de Moçambique. Do livro a Sandra partilhou os relatos da Joana sobre o que foi para ela o Natal em Itoculo, um Natal de “sem” muitas coisas, mas “com a presença do essencial”, este essencial que muitas vezes nós que “tudo temos”, nos esquecemos. Partilhou ainda os relatos da Joana sobre os imprevistos que vão surgindo na missão (vistos que não são aprovados, tempos que se alongam, etc.) e sobre a importância que teve para a Joana o contacto com outras pessoas em missão, entre as quais, a Sandra (sim… a Sandra e a Joana cruzaram-se em missão!!).

E deste percurso, fizemos uma ponte nosso percurso entre o estar em missão (lá fora) e a FEC. É na FEC (Fundação Fé e Cooperação) que acabamos por estabelecer contacto com outros carismas, pessoas que, quem sabe iremos encontrar em missão, e aqui também nasce a riqueza da missão: o saber que todos temos o ser missão presente nas nossas almas. Falou-nos de um Projeto que está a ser desenvolvido pela FEC – Projeto EaSY (Evaluate Soft Skills in International Youth Volunteering).

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Ao encontro foram chegando mais LMC e formandos, e assim, terminada esta viagem, tivemos um momento de oração: de dar graças e de recordar LMC em missão, a Assembleia Geral em Roma, as nossas famílias… e rezá-los. Após o jantar, um momento de convívio com a partilha de um presente que cada um de nós trouxe.

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Já no Domingo, dia de receber algumas famílias – a minha, a da Cristina, a da Marisa -, iniciámos o dia com oração. Depois, partilhei com os presentes aquela que tem sido a minha caminhada como LMC: o caminho de formação e discernimento, o que foi para mim o Curso de Missiologia em Madrid nestes últimos 3 meses e que expectativas tenho sobre Etiópia. Confesso que me foi difícil transmiti-lo… quando te sentes apaixonado pelos presentes que Deus te tem dado e com esta “alma a cantar de gozo”, torna-se difícil resumir o que te vai dentro. Sobretudo, queria agradecer, louvar este caminho que sinto que não poderá ficar-me dentro; terá este “grão de trigo que morrer na terra”. Partilho também convosco, que sobre a partida para a Etiópia, prefiro não criar expectativas… se não, “descalçar-me” e passear (ou pa’star, como diria a nossa Cristina Sousa, juntando duas palavras metaforicamente – para estar) pelo povo em primeira instância. Prefiro não levar ideias estruturadas de nós ocidentais; prefiro não levar nada. Em vez disso, que seja Deus a levar-me, a guiar-me. Na verdade, Ele já lá está, Ele vai ante mim.

Após o testemunho, seguiu-se a Eucaristia, e terminámos o nosso encontro, à mesa do Senhor, com um almoço convívio entre todos os presentes.

LMC Carolina Fiúza

Encontro de Natal: da família de Nazaré à Família LMC

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Nos passados dias 16 e 17 de dezembro teve lugar, em Viseu, na casa dos Missionários Combonianos o encontro de Natal dos LMC, em que o tema foi “Da família de Nazaré à família LMC”. Participaram vários Leigos Missionários Combonianos, bem como os formandos. Um encontro que ficou marcado pela alegria e pelo conforto de sermos família: família comboniana; e família LMC. Uma família unida em torno do mesmo ideal – que é Cristo – e do mesmo carisma comboniano.

A manhã de sábado teve uma apresentação da LMC Sandra Fagundes sobre S. Daniel Comboni e o movimento. De seguida, houve um jogo em que tivemos a oportunidade de ir descobrindo mais sobre a Família Comboniana, sobre o sentido do Natal, sobre o Natal na missão, à medida que íamos refletindo e rezando sobre os vários pontos de reflexão. Uma experiência de diálogo, de partilha, que nos enriqueceu e nos fez ter presente em oração várias realidades distantes dos nossos olhos e toda a família comboniana.

A tarde teve uma outra surpresa: tivemos a oportunidade de, em vários grupos, estar e conversar com os Missionários Combonianos mais idosos que vivem na casa de Viseu sobre o Natal na missão, sobre o seu rico testemunho de vida; com as Irmãs Missionárias Combonianas, na sua casa sobre o que as mais marcou nos vários Natais vividos em missão; e em casa da família da LMC Marisa Almeida, conversando, convivendo, estando unidos a uma família que é também parte da família LMC, pois com ela partilha e vive a dedicação e o carinho pela missão. Uma tarde de união, de fazer encontro e partilha uns com os outros e com outros membros da família comboniana. Uma tarde em que fomos interpelados e desafiados por muitos testemunhos de vidas cheias, totalmente entregues à missão.

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Após a oração da tarde e o jantar, tivemos um serão de convívio em que, mais uma vez, se partilharam muitas alegrias, sorrisos, brincadeiras e música (que o padre Feliz nos deu o prazer de dar, ao tocar o seu acordeão). Tivemos até troca de prendas! E, mais uma vez, um momento de união, feito neste convívio alegre e genuíno, da família LMC e com a família comboniana.

No domingo, a LMC Susana Vilas Boas apresentou o tema “da família de Nazaré à família LMC”, com um momento de reflexão e partilha no final. Da manhã, fica uma ideia de caminho: a família LMC faz uma caminhada, como dizia Comboni, com os olhos fixos em Cristo – só assim tal caminhada faz sentido, para atingir o exemplo da família de Nazaré: a união de Maria e José, o seu serviço humilde a Jesus, a sua vontade de cumprir a vontade de Deus e a sua entrega total à Sua vontade devem ser exemplo para a família LMC, para que possa cumprir o sonho que Deus tem para ela, fazer um caminho de contínuo crescimento sempre com o intuito de servir a missão ao estilo de São Daniel Comboni.

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Terminámos o encontro de Natal com a Eucaristia, presidida pelo padre Francisco Medeiros e com a alegria de ter os pais e familiares da LMC Neuza Francisco presentes no almoço de família.

E seria precisamente essa a palavra que escolheria para resumir o encontro de Natal dos LMC: família. Na oração, na partilha, no convívio, na escuta, este encontro despertou em cada um de nós uma noção de pertença a algo maior que nós próprios, uma família espiritual que nos acolhe e nos desafia a ser mais, a fazer e viver a missão ao jeito de Comboni, com os olhos fixos em Cristo, apaixonados por Ele e pelas pessoas.

 

Filipe Oliveira

Natal em Moçambique

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Nas vésperas de Natal quase que só me apercebia da sua proximidade cada vez que ia rezar e ‘dava por mim’ a folhear a Liturgia nas páginas do Advento.

Sei que, muito provavelmente, se não estivesse aqui, tudo em meu redor evocaria o Natal. A proliferação de natais comerciais trataria de me enquadrar nesta estação a partir do terceiro trimestre do ano, praticamente, num jogo astuto e paulatino.

Entre os jogos de luzes, as decorações interiores e exteriores, sugestões tanto para os Menus cada vez mais requintados como para o dress code da noite de Consoada e do almoço de Natal, a magia que se sente nas ruas das cidades, as típicas músicas da quadra (‘mais do mesmo’ mas, até os clássicos deixam saudade), … Entre um ou outro jantar entre amigos e grupos disto e daquilo, nada deixaria escapar a atenção, nem mesmo dos mais distraídos, para ‘O que está para chegar’.

Aqui, não há nada – disso. Nas cidades testemunham-se alguns sinais de ‘natais importados’. Mas aqui, não. Os sentidos não são invadidos por esta avalanche de estímulos. Não há o frio e os vidros embaciados que deixam ver as luzes a piscar. Não se ouvem as músicas corriqueiras. Não se sente, nem se adere, à bulimia das compras nem dos presentes – e, muito menos, das aquisições e das ‘necessidades’ de última hora. Não se assiste ao ‘sozinho em casa’ na televisão. O calor é demasiado para se substituírem os chinelos, as saias ou calções e as t-shirts por roupa mais quente. Não se publicita o bacalhau nem o azeite virgem extra. Não há o bolo- rei, as rabanadas, filhoses ou bolinhos disto e daquilo. Não se impingem brinquedos nem se embrulham promessas de pequenos paraísos instantâneos e de curta duração.

Confesso que, na semana que antecedeu o Natal, eu me senti um pouco apreensiva: por ser o meu primeiro Natal na Missão, por sentir saudades da família, particularmente, nesta quadra, por ser tudo tão único e diferente do que estava habituada, … e até por não termos tido energia nem água nesses dias, dificultando a comunicação e desafiando a criatividade…

Mas, este ano, o Menino Jesus trouxe-me esta aprendizagem: o Natal não é ornamento.

Ao nosso redor pode parecer Natal, mas nunca o será se ele não estiver já dentro de cada um de nós. O Natal é, também, movimento, uma itinerância. Temos sempre de caminhar para o encontrar. Se queremos ver uma ‘grande luz’ temos de nos levantar e partir; temos de ir ao encontro das manjedouras onde se encontra o sofrimento humano; temos de voltar ao estaleiro onde nos deparamos com a simplicidade; temos de regressar ao presépio onde a esperança de Deus e a esperança da humanidade se encontram - mas, com a confiança de que, entre o silêncio e a palavra que procuramos, uma estrela nos guiará, sempre.

O Natal, acredito, acorda-nos para voltarmos às nossas verdadeiras raízes, para o primeiro sonho de Deus para cada um de nós. A infância de Jesus é, também, a nossa infância. É por isso que, depois de uma espera demorada encontramos paz quando, finalmente, repousamos em Deus.

 

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Curiosidade…

Depois da independência Moçambique tornou-se um estado laico. No entanto, o feriado do dia 25 de Dezembro foi preservado, não por ser dia de Natal mas como o Dia da Família. Assim, neste dia, independentemente da religião que professem, as famílias encontram-se e celebram o dom da Família (claro que, para a comunidade cristã, este dia é ‘mais do que isso’, é o dia do nascimento de Jesus, em que a Salvação e a verdadeira Paz descem à Terra). Assim, desejavelmente, reúnem-se para confraternizarem e recuperarem forças para o ano que está por vir – mas, afinal, não é, também, isto o Natal?! No Natal, cada vez que celebramos a esperança conseguimos dizer no nosso coração “a Humanidade tem futuro”.

 

 

 

Deixo parte de um poema de José Tolentino Mendonça (“O Presépio somos nós”) que me acompanhou nas últimas semanas:

 

O Presépio somos nós

É dentro de nós que Jesus nasce

Dentro de cada idade e estação

Dentro de cada encontro e de cada perda

Dentro do que cresce e do que se derruba

Dentro da pedra e do voo

Dentro do que em nós atravessa a água ou atravessa o fogo

Dentro da viagem e do caminho que sem saída parece

 

 

Esperando que tenham tido um Bom Natal,

Votos de um Feliz Ano Novo,

Marisa Almeida.

Nana

 

 

No Natal, revivemos a alegria e o alvoroço do nascimento de Cristo. Mas, perguntemo-nos: são vistos em algum lugar, em nosso mundo, em nossa pátria, em nossa sociedade os sinais da chegada do Reino de Deus? É Natal no mundo? Onde nasce Jesus? Que significa realmente ser Natal? Chega aos pobres a saúde, a vida, o emprego, a justiça... as Boas Novas? Que podemos fazer para que neste Natal Jesus nasça efectivamente ao nosso redor?
“Nestes dias, as comunidades cristãs relêem o Evangelho que fala de Maria e José não encontrando acolhida em Belém onde Jesus deveria nascer.
Em 1948, a Declaração dos Direitos Humanos da ONU já definia a possibilidade das pessoas migrarem para outros países como direito fundamental de qualquer ser humano. Hoje, os países que se dizem de "cultura cristã", cuja origem é o nascimento de um migrante em Belém, são dos que mais constroem muros de concreto, armas e leis excludentes contra os migrantes.
Este Natal pede dos cristãos uma abertura maior do que simplesmente se recolher no recinto fechado de suas tradições. Hoje, a família migrante de Belém é principalmente o diferente. Celebrar o Natal é conviver com a actual diversidade de culturas e de religiões como graça divina e não como mal a ser suportado.
Que este Natal seja um encontro pela diversidade e contra as intolerâncias. Estaremos, então, prolongando o cântico dos anjos: "Glória a Deus no mais alto do céu e paz na terra às pessoas amadas por seu Espírito". Feliz Natal!

Debaixo do manto da noite escura se escuta uma velha canção de embalar. Curta metragem vencedora da Melhor Curta Metragem de Ficção dos Prémios Goya 2006.
Direcção: Jose Javier Rodríguez Melcón
Produção: Ignacio Monge, Rafael Álvarez